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Perfil do migrante muda na Grande SP
Pela primeira vez, os nordestinos deixaram de representar mais da metade dos forasteiros recém-chegados à região metropolitana
Migrantes do interior e de outros países passaram a ter presença maior na capital e no seu entorno, diz estudo de pesquisadores do Seade
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO
Estudo feito por pesquisadores da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), do governo paulista, mostra que o perfil dos migrantes
que se mudam para a Grande
SP é diferente de 20 anos atrás.
A participação dos nordestinos teve uma queda acentuada
nesse período, o que fez com
que a proporção de migrantes
do interior de São Paulo, de outras regiões do país e até do exterior aumentasse.
Apesar da queda, os nordestinos ainda estão longe de perder
o título de maior grupo migrante que se fixa na metrópole paulista. Em 2006/2007, cerca 317
mil nordestinos disseram ter
chegado à Grande São Paulo
nos três anos anteriores.
O segundo maior grupo, os
migrantes do interior do Estado de São Paulo, contabilizou
153 mil chegadas à metrópole.
No final dos anos 80, a Grande São Paulo recebeu perto de
12 mil migrantes vindos do exterior (1,3% do total). Mais recentemente, no período 2006/
2007, ganhou cerca de 26 mil
estrangeiros (4%).
Nesse grupo está Felippo
Ferrantelli, 30, que nasceu no
Caribe e se dividia entre a França e a Itália. Antes exportador
de roupas européias para o Brasil, há dois anos ele se mudou
para São Paulo e passou a importar as mesmas marcas.
"Como vivi sempre perto da
praia, quis viver no Rio", diz.
"Mas, por uma questão de trabalho, acabou tendo que ser
mesmo São Paulo."
A metrópole brasileira assustou no começo. "Nem na Europa, nem na Ásia, nem em nenhum outro lugar eu tinha visto um trânsito como esse."
No mesmo grupo está a boliviana Filomena Laime, 37, que
chegou a trabalhar 18 horas por
dia em confecções clandestinas
da capital. "Mesmo a gente passando tudo o que passou, valeu
a pena ter vindo", diz ela.
O estudo, feito com base nas
pesquisas de emprego e desemprego que a Fundação Seade
realiza mensalmente na região
metropolitana, não determina,
ao contrário do Censo, quantas
pessoas saíram da Grande São
Paulo.
(ANTÔNIO GOIS, WILLIAN VIEIRA
E RICARDO WESTIN)
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