São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2008

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Boliviana quer voltar à terra natal quando filhos crescerem

DA REPORTAGEM LOCAL

"A nossa busca era por uma oportunidade", diz Filomena Laime, 37, ressabiada em falar de sua vinda definitiva para o Brasil, como qualquer boliviano que chega a São Paulo para trabalhar e erguer uma vida. A dela, está já longe de "todo o sofrimento" que passou, trabalhando até 18 horas por dia nas costuras clandestinas do Cambuci. Hoje ela tem a sua própria e labuta com o marido. "Quanto mais trabalho tem, mais cedo a gente acorda, mas todo o dinheiro fica com nossa família."
A história de Francisca segue um modelo de imigração comum nas denúncias trabalhistas no Brasil. Quando o pai, mecânico desempregado, aceitou uma proposta em São Paulo, acreditava ir para uma funilaria. "Foi enganado, e acabou trabalhando em uma costura." Logo trouxe a mulher e os seis filhos, entre eles Filomena. Ela tinha 13 anos quando largou a escola e começou a trabalhar no mesmo emprego do pai.
"Nós, estrangeiros, sofremos muito preconceito, até na escola, sempre sendo reprovados", desabafa. "Mas mesmo a gente passando tudo o que passou, valeu a pena ter vindo", diz Filomena, em português quase perfeito (a não ser por alguns "o sea" entre uma frase e outra). "Não sou de viver em mundinho, acabei me encaixando. Já sei até fazer feijoada", diz, rindo. "Claro, do meu jeito, sem orelha e essas coisas de porco."
Hoje ela trabalha das 7h às 21h, em sua costura no Itaim Paulista, onde vive com o marido (boliviano) e os quatro filhos, brasileiros. É por eles que trabalha tanto. "Eu penso em voltar o tempo todo, mas vou esperar meus filhos ficarem adultos", diz. "Aí sim, eu volto." (WV)



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