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Boliviana quer voltar à terra natal quando filhos crescerem
DA REPORTAGEM LOCAL
"A nossa busca era por uma
oportunidade", diz Filomena
Laime, 37, ressabiada em falar
de sua vinda definitiva para o
Brasil, como qualquer boliviano que chega a São Paulo para
trabalhar e erguer uma vida. A
dela, está já longe de "todo o sofrimento" que passou, trabalhando até 18 horas por dia nas
costuras clandestinas do Cambuci. Hoje ela tem a sua própria
e labuta com o marido. "Quanto
mais trabalho tem, mais cedo a
gente acorda, mas todo o dinheiro fica com nossa família."
A história de Francisca segue
um modelo de imigração comum nas denúncias trabalhistas no Brasil. Quando o pai, mecânico desempregado, aceitou
uma proposta em São Paulo,
acreditava ir para uma funilaria. "Foi enganado, e acabou
trabalhando em uma costura."
Logo trouxe a mulher e os seis
filhos, entre eles Filomena. Ela
tinha 13 anos quando largou a
escola e começou a trabalhar
no mesmo emprego do pai.
"Nós, estrangeiros, sofremos
muito preconceito, até na escola, sempre sendo reprovados",
desabafa. "Mas mesmo a gente
passando tudo o que passou,
valeu a pena ter vindo", diz Filomena, em português quase
perfeito (a não ser por alguns "o
sea" entre uma frase e outra).
"Não sou de viver em mundinho, acabei me encaixando. Já
sei até fazer feijoada", diz, rindo. "Claro, do meu jeito, sem
orelha e essas coisas de porco."
Hoje ela trabalha das 7h às
21h, em sua costura no Itaim
Paulista, onde vive com o marido (boliviano) e os quatro filhos, brasileiros. É por eles que
trabalha tanto. "Eu penso em
voltar o tempo todo, mas vou
esperar meus filhos ficarem
adultos", diz. "Aí sim, eu volto."
(WV)
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