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Secretário da Segurança sabia de caixa 2, diz delegado
Ex-diretor do Denarc afirma ter ouvido a informação do delegado-geral
Segundo ele, Ferreira Pinto sabia que a Polícia Civil deu R$ 40 mil a empreiteiro sem recibo ou nota; secretário nega
MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO
O secretário da Segurança
Pública de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto, e o delegado-geral, Domingos de Paulo
Neto, sabiam que a Polícia Civil fazia pagamentos com
caixa dois, segundo o delegado Everardo Tanganelli Jr.,
ex-diretor do Denarc (Departamento de Narcóticos).
A Polícia Civil pagou R$ 40
mil, em notas, a um empreiteiro que reformara um prédio do Denarc no ano passado, sem exigir recibo ou nota
fiscal, características do uso
de caixa dois. O caso foi revelado pela Folha anteontem.
"O Domingos me falou que
o secretário tinha autorizado
o pagamento. O Domingos é
medroso e não pagaria sem
autorização do secretário",
disse Tanganelli à Folha.
O secretário refuta de maneira veemente que soubesse
de pagamentos sem recibo. O
delegado-geral diz que não
se lembra da conversa.
O pagamento foi feito por
um órgão chamado Apafo
(Assistência Policial para Assuntos Financeiros e Orçamentários), a diretoria financeira da Delegacia-Geral.
Segundo Tanganelli, foi o
atual delegado-geral que lhe
indicou quem faria o pagamento. O ex-diretor do Denarc, afastado no início de
2009 devido a suspeitas de
que policiais de sua equipe
recebiam propina, diz que a
conversa dele com o delegado-geral ocorreu por volta de
25 de março do ano passado.
O secretário estava no cargo havia uma semana.
Tanganelli Jr. foi até o delegado-geral para buscar
uma solução para o empreiteiro Wandir Falsetti, que havia reformado o prédio do
Denarc sem licitação em fevereiro de 2009, na gestão de
Ronaldo Marzagão.
O pagamento em dinheiro
não é o único episódio heterodoxo. Orçada em R$ 200
mil, a obra foi paga parcialmente pelos policiais. Tanganelli Jr. deu R$ 20 mil, policiais contribuíram com R$ 33
mil e o chefe dos investigadores entregou um carro de R$
28 mil. Eles dizem que pagaram porque isso é rotina.
Todos os policiais que deram dinheiro para a reforma
estão sob investigação da
Corregedoria. O secretário
diz suspeitar que, em casos
como esse, policiais tentem
recuperar o que gastaram por
meio de expedientes ilícitos.
O ex-diretor do Denarc diz
que a investigação contra os
policiais é absurda porque
não foi iniciativa deles mudar a delegacia. Segundo ele,
foi decisão do ex-delegado-geral Maurício Lemos e do
ex-secretário Marzagão, que
diz não ter sabido do caso.
Tanganelli Jr. afirma que
teve reuniões no gabinete de
Marzagão sobre a reforma. "É
uma piada culpar policiais."
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