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OUTRO LADO
"Jamais chegou ao meu conhecimento", diz Ferreira Pinto
Secretário da Segurança Pública nega ter havido qualquer autorização para pagamento de obra no Denarc em dinheiro
DE SÃO PAULO
O secretário da Segurança
Pública Antonio Ferreira Pinto disse à Folha que só tomou conhecimento do caso
sobre a reforma do prédio do
Denarc (Departamento de
Narcóticos) quando recebeu
uma carta enviada pelo empreiteiro Wandir Falsetti.
Na carta, o empreiteiro relata que investigadores e delegados tinham dado dinheiro do próprio bolso e que o
governo lhe devia recursos.
"Mandei a Corregedoria
investigar o caso na mesma
hora. Não é normal que policiais coloquem dinheiro do
bolso numa obra do Estado",
afirma o secretário.
Sobre a autorização para
que o pagamento fosse em
dinheiro vivo, o secretário
disse que: "Isso jamais chegou ao meu conhecimento".
Ferreira Pinto afirmou que
o uso de dinheiro vivo para
pagamentos era comum em
operações especiais, em que
policiais precisam comprar
drogas, por exemplo.
O TCE (Tribunal de Contas
do Estado) apontou que houve descontrole sobre essas
verbas nas gestões dos ex-secretários da Segurança Saulo
de Castro Abreu Filho e Ronaldo Marzagão.
"Era uma orgia. Ninguém
sabia o que acontecia com esse dinheiro", afirmou o atual
secretário da Segurança.
PEDIDOS
Ele disse que inicialmente
colocou o controle dessa verba na Delegacia-Geral.
Como o controle sobre esses recursos continuava precário, na visão do próprio
Ferreira Pinto, ele decidiu
que a verba ficaria alocada
no seu gabinete. É assim desde outubro de 2009.
Ele relatou que até hoje recebe pedidos estapafúrdios.
"Tem policial que pede verba
para fazer campana, como se
campana não fizesse parte
do trabalho policial", disse.
O delegado Domingos de
Paulo Neto afirmou que não
se recorda de ter conversado
com Everardo Tanganelli Jr.
sobre dívidas em relação à reforma do prédio do Denarc.
"Eu não me lembro de ele
ter falado que devia algo a alguém. Eu, com certeza absoluta, jamais diria a ele que o
pagamento teria sido autorizado pelo secretário", afirmou o delegado.
Para Paulo Neto, o que
houve foi uma conversa de
minutos, na qual ele comunicou que Tanganelli seria
afastado do Denarc.
(MCC)
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