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ADMINISTRAÇÃO
Construção dos centros educacionais é iniciada, mas valor sobe de R$ 216 milhões para R$ 288,2 milhões
Gasto com "escolões" aumenta 33% em SP
MELISSA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Após três meses de atraso e com
um aumento de cerca de 33% no
custo das obras, a Prefeitura de
São Paulo iniciou neste mês a
construção dos primeiros CEUs
(Centros Educacionais Unificados), os chamados "escolões",
uma das principais bandeiras da
prefeita Marta Suplicy (PT) para a
periferia da cidade.
Os centros educacionais, para
os quais havia uma reserva orçamentária de R$ 216 milhões, foram licitados em R$ 288,2 milhões, o que aumentou o valor
médio de cada unidade de R$ 10
milhões para R$ 13,7 milhões.
Na previsão inicial, que chegou
a ser anunciada pela prefeitura no
ano passado, o custo estimado de
cada centro educacional era de R$
8 milhões, mas esse valor, segundo a administração municipal, estava desatualizado.
Ampliação
As principais justificativas para
a elevação do valor das construções, segundo a SSO (Secretaria
de Serviços e Obras) são a ampliação do projeto -a capacidade de
atendimento das creches, por
exemplo, passou de 160 para 300
crianças- , a atualização da tabela da prefeitura segundo os valores de mercado e a variação dos
preços dos terrenos.
Marcado por atribulações, o
processo de licitação dos CEUs
incluiu problemas como dificuldades de desapropriação, uma
auditoria do TCM (Tribunal de
Contas do Município) e até um
recurso jurídico, proposto pelo
Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil de
São Paulo).
Apesar dos contratempos, a
previsão da prefeitura é que até o
final deste ano pelo menos 10 dos
21 centros educacionais tenham
suas construções iniciadas.
Os centros terão piscinas, quadra, anfiteatro, ateliês para oficinas e área verde, localizadas nos
bairros mais pobres da cidade. A
conclusão das dez primeiras
obras está prevista para o primeiro semestre do ano que vem.
"Acho que a gente está em um
ritmo bom ainda, em um ano nós
estamos conseguindo dar conta
desse processo de desapropriação, que geralmente é muito lento", disse a chefe de gabinete da
Secretaria Municipal da Educação, Maria Aparecida Perez.
Mesmo tendo publicado o edital em maio, a prefeitura só conseguiu concluir a licitação das obras
no final de setembro.
"Por determinação do TCM,
que fez uma auditoria em todo o
processo, foram solicitadas algumas revisões nas planilhas de custos", disse o diretor do Departamento Técnico de Edificações da
SSO, Ademir José Morais Mata.
Para a secretaria, no entanto, as
dúvidas do tribunal foram corriqueiras e não comprometeram o
andamento do processo.
Questionamento
Segundo Renato Romano Filho,
gerente jurídico do Sinduscon,
entidade que chegou a questionar
na Justiça a licitação para a construção dos centros educacionais,
alegando que a prefeitura estaria
privilegiando as grandes empreiteiras, o aumento no custo nas
obras é uma prova de que o processo foi ilegal, o que é contestado
pela prefeitura, segundo a qual, o
custo inicial se tratava de uma
previsão para o processo de pré-qualificação das empresas.
"A prefeitura tirou uma série de
empresas da concorrência porque
estimou um valor de custo sem
ter o projeto pronto. Agora está
dizendo que o valor foi subestimado. Com isso, pode estar colocando o projeto nas mãos de empresas sem condições de executar
as obras", afirmou Romano Filho.
Os dez primeiros centros educacionais serão construídos nas regiões norte, leste e sul da cidade de
São Paulo, nos distritos de Perus,
Jaraguá, Itaim Paulista, Cidade
Tiradentes, Iguatemi, Sapopemba, Pedreira, Cidade Dutra e duas
unidades no Grajaú.
O plano municipal de educação
tem três metas prioritárias: a inclusão do aluno no ambiente escolar, a ampliação da oferta de vagas e a eliminação dos quatro turnos escolares. Segundo a administração municipal, 70% das escolas de 1ª a 4ª séries tem turno intermediário das 11h às 15h.
O que os técnicos chamam de
"inclusão" no ambiente escolar é
talvez a parte mais complicada do
plano da prefeitura. Não basta
que os estudantes assistam aulas e
façam provas. A idéia é que eles
troquem o cotidiano das ruas da
periferia pelo ambiente escolar.
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