São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 2002

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EDUCAÇÃO

Estudo da universidade mostra que 818 dos 2.450 matriculados saíram de escolas públicas

Unicamp recebe mais alunos da rede pública

RICARDO BRANDT
EDITOR DA FOLHA CAMPINAS

O número de alunos vindos de escolas públicas que ingressaram na Unicamp desde 99 cresceu 12%, apesar de eles ainda serem minoria, 33,4%. Dos 2.450 matriculados neste ano, 818 cursaram o ensino médio na rede pública. Em 99, eram 730 de um total de 2.285.
Os dados são da Convest (Comissão Permanente para o Vestibular), que fez o levantamento socioeconômico dos alunos matriculados na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) entre os anos de 99 e 2002.
"O importante é que o percentual de matriculados vindos de escolas públicas, que está na faixa dos 30%, é praticamente o mesmo registrado nas inscrições dos vestibulares. Isso mostra que o processo seletivo não prejudica mais o aluno que não passou por uma escola particular", afirmou o coordenador do vestibular da Unicamp, Leandro Tessler.
Outro dado curioso, que pode ser um indicativo de mudança do perfil predominante do aluno da Unicamp, é que o número de estudantes vindos de escolas particulares permanece praticamente inalterado no período, apresentando uma pequena queda no percentual de representatividade.
Segundo a Convest, os alunos matriculados na universidade que cursaram o ensino médio em escolas particulares correspondiam a 66,9%, em 99, e, neste ano, são 65,8%. Como o número de vagas oferecidas pela universidade cresceu 5,3% no período, passando de 2.285, em 99, para 2.450, neste ano, em números absolutos, a quantidade de alunos vindos de escolas particulares teve um pequeno crescimento.
Esse aumento, considerando os número absolutos, foi de 3,6%, entre 99 e 2002, menos de oito pontos percentuais em relação ao crescimento dos alunos que vieram de escolas públicas.
Para a secretária da Educação de Campinas, Corinta Maria Grisolia Geraldi, esse indicativo de mudança não pode ser diretamente ligado a uma melhora do ensino público.
"Estamos longe de ter uma escola pública que prepare como deveria um estudante para que ele ingresse em uma universidade pública", disse a secretária.
Segundo ela, o fato se deve ao trabalho que a universidade tem desenvolvido em parceria com as escolas para buscar um direcionamento maior de questões específicas que fazem parte dos vestibulares com os alunos.
Para a estudante da Unicamp Juliana Bueno Colpas, 25, que cursou os ensinos médio e fundamental em escolas públicas, mais do que no vestibular, a diferença de preparo é sentida nas aulas.
"Principalmente na área de exatas, há uma defasagem entre o material aprendido nas escolas públicas e o que a universidade espera que ele já tenha aprendido", afirmou.
Outro indicador verificado na pesquisa foi o crescimento da participação de alunos com renda familiar de um a cinco salários mínimos: entre 99 e 2002, saltou de 7,3% para 12,5%.
Entre as famílias com renda de cinco a dez salários mínimos, a participação saltou de 15%, em 99, para 22%, neste ano.
Enquanto isso o número de alunos com renda familiar entre 30 e 40 salários mínimos caiu de 14,1% para 9%.
"Isso pode indicar uma desmitificação de que o aluno da Unicamp é aquele altamente privilegiado socioeconomicamente", disse Tessler.



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