São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 2002

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SAÚDE

Órgão é o mais procurado em SP; na Santa Casa de São José dos Campos, 170 fazem hemodiálise enquanto aguardam

17 mil esperam por transplante de rim em SP

André Nieto/Folha Imagem
Pacientes fazem hemodiálise na Santa Casa de São José dos Campos, no Vale do Paraíba; em Caçapava, espera chega a 16 anos


FABIANA CORRÊA
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Cerca de 17 mil pessoas aguardam um transplante de órgão na fila única do Estado de São Paulo. Em Caçapava, no Vale do Paraíba (que concentra, ao lado do litoral norte, 2% desse total de pacientes), a espera por um rim novo chega a ultrapassar 16 anos.
A Folha teve acesso à lista de espera por transplante de rim da Secretaria de Estado da Saúde e identificou um paciente que está na fila desde setembro de 1986. A divulgação do nome dele, no entanto, não foi autorizada.
O rim é o órgão mais procurado em São Paulo: cerca de 10 mil pessoas estão na fila por um transplante. Na região do Vale e litoral, são 244 pacientes. Somente na Santa Casa de São José dos Campos, cerca de 170 pessoas procuram o centro de hemodiálise enquanto esperam pela cirurgia.
A classificação na fila única da Secretaria de Estado da Saúde, no entanto, não considera somente o tempo que o paciente aguarda pela transferência do órgão. Na seleção são analisados também o grupo sanguíneo, o peso e altura do doador, relacionados a características próprias para cada órgão.
A central de transplantes é informada quando surge um doador e começa a seleção dos possíveis receptores. Quando o paciente morre, a central é avisada para que a pessoa seja retirada da fila.
A cozinheira aposentada Maria Lúcia da Silva, 47, está desde 1996 fazendo hemodiálise porque não consegue um rim para o transplante. Silva faz o tratamento, que dura cerca de três horas e meia, três vezes por semana. "É quase um emprego, não posso faltar."
Já o professor Paulo Faria da Costa morreu aos 54 anos com insuficiência renal. Ele esperava havia três anos por um rim novo.
O Vale e o litoral, como outras cidades do interior do Estado, dependem de São Paulo e de Campinas para a realização dos transplantes. Segundo o nefrologista Januário Gonçalves Roberto, responsável pelo setor de hemodiálise da Santa Casa de São José dos Campos, está sendo analisada a possibilidade de realizar as transferências de órgãos -ao menos de rim- em São José mesmo.
"O rim é o órgão mais procurado porque é o único que tem um tratamento substitutivo, a hemodiálise. A maioria dos pacientes está há anos fazendo o tratamento porque não encontra doador."
A córnea é o segundo órgão mais procurado no Estado. Nas 32 cidades da região do Vale e litoral norte, 198 pessoas estão na fila. São José dos Campos é a cidade que registra o maior número de pacientes à espera do transplante: 75. O transplante de coração é considerado pela secretaria como o mais difícil, devido à complexidade da cirurgia e ao pequeno número de doadores. Na região, somente uma pessoa, de Taubaté, está na fila à espera de um coração. No Estado, são 61 pacientes.
No Vale e no litoral, existem ainda aproximadamente 40 pessoas esperando por uma transferência de fígado. A Secretaria de Estado da Saúde informou que a responsabilidade pela demora na fila dos transplantes é também de cada cidadão, já que a doação de órgãos não é obrigatória.


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