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RAVE NA RUA
Garoto de 16 anos foi achado afogado no lago do Ibirapuera depois de participar de evento de música eletrônica
Após morte de jovem, PM quer fim de festa
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O estudante Gutemberg Clarindo Oliveira, 16, morreu afogado
no lago do parque Ibirapuera depois de ter participado da Parada
AME São Paulo (Associação dos
Amigos da Música Eletrônica),
realizada domingo em torno do
Monumento às Bandeiras, no Ibirapuera (zona sul), e que atraiu
cerca de 170 mil pessoas para ouvir 16 trios elétricos.
A Polícia Militar irá sugerir ao
Ministério Público Estadual que
adote medidas para proibir que a
parada venha a ser feita nas ruas
da cidade. Seu comando, no entanto, nega que a decisão esteja
vinculada ao incidente.
O corpo de Oliveira foi encontrado por bombeiros à 1h29 de
ontem, a cerca de dois metros de
profundidade e três metros de
distância da margem do lago. Durante a festividade, que durou das
12h às 20h, dezenas de jovens se
jogaram nas águas poluídas devido ao intenso calor. Sem sucesso,
a Guarda Civil Metropolitana tentou impedi-los.
Amigos contam que Oliveira
entrou no lago por volta de 20h40.
De acordo com um comunicado
da Secretaria Municipal do Governo, o Corpo de Bombeiros foi
notificado do desaparecimento
do estudante às 21h09.
"Tinha muita gente nadando no
lago. O Gugu [apelido da vítima]
disse que sabia nadar "mais ou
menos". Falei para ele ficar na beirada. Dez minutos depois, ele sumiu", disse Eric William, 20 anos,
estudante de engenharia, amigo
de Gutemberg Oliveira.
De acordo com seus amigos, o
adolescente não havia usado drogas e não bebia devido a problemas de saúde. "Ele tomou só
água, a tarde inteira", disse Eric,
que também entrou no lago, com
a namorada, e estava distante da
margem quando o grupo se deu
conta que o garoto desaparecera.
Outro amigo do estudante morto, o atendente técnico Bruno
Souza Xavier, 19 anos, disse que
estava fora da água, sentado na
grama, quando percebeu o sumiço e começou a gritar o nome de
Oliveira, procurando por ele.
O estudante havia ido à festa
com seis jovens da vizinhança, na
região de A. E. Carvalho (zona leste da capital). Ele estudava no 1º
ano do ensino médio de uma escola estadual.
Local inadequado
O tenente-coronel Pércio Cordeiro, comandante do 12º Batalhão da PM e responsável pela
área do Ibirapuera, disse à Folha
que estava concluindo ontem seu
relatório sobre a parada e que iria
pedir a proibição da rave de rua
no local onde foi realizada.
"O evento é inadequado naquele lugar", afirmou Cordeiro. O tenente-coronel fez questão de esclarecer, no entanto, que sua decisão não tem nada a ver com a
morte do estudante. "A morte
aconteceu depois que a parada já
havia terminado."
O militar apontou o excesso de
bebida alcoólica como um dos
maiores problemas enfrentados
pela polícia. "Não havia nenhum
fiscal da prefeitura para proibir a
ação dos ambulantes." Cordeiro
relatou que, por causa da embriaguez, foram registradas brigas, lesões corporais e várias pessoas
apresentaram sinais de início de
coma alcoólico. "Lamento a falta
de organização e de fiscalização."
Cordeiro disse que festas como
essas deveriam ser realizadas em
locais fechados, "onde é mais fácil
ter controle do público", e lembrou o caso da Folia na Faria, um
carnaval que era realizado na avenida Faria Lima, mas foi transferido para o sambódromo. "Havia
gangues de jiu-jitsu, roubos e
muitos distúrbios", afirmou.
Colaborou o "Agora"
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