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Operação-padrão em Brasília atrasa vôos
Operadores do controle de tráfego aéreo querem chamar a atenção sobre as suas condições de trabalho; pelo menos 32 vôos atrasaram
Aeronáutica nega tudo e afirma que só houve um congestionamento entre 8h e 9h, o que teria causado um efeito cascata durante o dia
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os operadores do controle de
tráfego aéreo de Brasília, o Cindacta-1, iniciaram uma operação-padrão para explicitar o
que consideram descaso do governo em relação às suas condições de trabalho. O resultado
foi caos no aeroporto da capital
ontem, com pelo menos 32
vôos atrasados e até a suspensão temporária de decolagens.
A operação havia começado
timidamente no início da semana, mas virou movimento
ontem, com uma reunião extra-oficial ocorrida no parque
da Cidade, o maior de Brasília.
Os cerca de 60 operadores de
baixa patente militar que trabalham em Brasília combinaram aplicar com exatidão as regras internacionais de espaçamento entre pousos e decolagens. Como o fluxo de vôo entre
a capital e o Sudeste é até duas
vezes superior ao número
aconselhável de 14 aviões por
operador, a organização "na
marra" gerou os atrasos.
A Aeronáutica, responsável
pelo controle, nega tudo e afirma que só houve um congestionamento entre 8h e 9h, o que
teria causado um efeito cascata
no resto do dia. Segundo o órgão, não há indício de operação-padrão ou "greve branca".
Mas o fato é que os controladores, que por serem militares
não podem fazer greve e são
passíveis de várias sanções disciplinares, resolveram se organizar. E o governo tentou se antecipar, anunciando anteontem investimentos de cerca de
R$ 10 milhões nos próximos
dois anos para a melhoria do
tráfego aéreo de Brasília.
Pela manhã, o presidente da
Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, foi vistoriar a situação no aeroporto e concluiu
que as condições de atendimento eram "degradantes".
Alguns vôos atrasaram quase
três horas, e alto-falantes nos
saguões anunciaram a suspensão de decolagens. No fim da
tarde, ainda ocorriam anúncios
de "atrasos por congestionamento no teto de Brasília".
As condições de trabalho são
historicamente ruins, mas o
que levou ao movimento foi a
insistência das autoridades em
dizer que não há problemas no
controle aéreo durante as repercussões do choque entre o
Legacy e o Boeing da Gol que
matou 154 pessoas há um mês.
O clima era tenso ontem.
Dois oficiais, um coronel e um
tenente gritavam para que os
controladores "acelerassem" as
operações. "Autoriza!" foi a ordem mais ouvida.
No aeroporto de Congonhas,
o engenheiro Vicente Costa, 55,
esperava pela mulher, Val, sentado num banco do desembarque. Ela estava no vôo 2625 da
Varig, que deveria ter chegado a
São Paulo às 12h57, mas aterrissou 15h45. "É horrível. Cheguei ao aeroporto às 9h", disse
Val ao desembarcar.
(LEILA SUWWAN E IGOR GIELOW)
Colaborou RICARDO GALLO, da Reportagem
Local
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