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Polícia investiga pichações de cunho racista no interior
Negros, homossexuais, judeus e nordestinos foram os alvos
das ações ocorridas em Jundiaí, Várzea e Campo Limpo
Fábrica de judeus e igreja
com bandeira de Israel
tiveram a suástica nazista
desenhada no muro; polícia
suspeita de neonazistas
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Civil investiga uma
onda de pichações e colagens
de cartazes contra negros, homossexuais, judeus, nordestinos e cotas para afrodescendentes em universidades públicas em Jundiaí, Várzea Paulista
e Campo Limpo Paulista, no
Estado de São Paulo.
Policiais suspeitam que grupos neonazistas sejam os responsáveis pelos ataques no interior. Nesta semana, na zona
sul da capital paulista, três homens foram presos ao colar
panfletos racistas contra as cotas para os negros em universidades. Nos cartazes, havia
menção ao site do grupo neonazista White Power (Poder
Branco) São Paulo.
Ao menos oito lugares foram
alvos da série de ataques no interior: cinco ocorreram em
Várzea, dois em Jundiaí e um
em Campo Limpo. As ações na
região começaram na madrugada de sábado.
Os locais visados são quase
sempre os mesmos: imóveis e
pontos de ônibus no centro.
Durante a semana, em Várzea (a 63 km de São Paulo), um
salão de cabeleireiros afro e um
muro de uma fábrica de tecidos
que tem donos judeus foram pichados.
"Os clientes estão com medo.
Estamos com receio de trabalhar", disse o cabeleireiro João
Batista Braga, 21, proprietário
do Função Black, que na última
segunda-feira amanheceu com
o símbolo da suástica pichado
na sua porta.
Na Advance, empresa do ramo têxtil, de propriedade de
uma família judia, escreveram
"Fora judeus parasitas. O Brasil
não é colônia de Israel."
Em Jundiaí (60 km de SP), a
igreja evangélica Leão da Tribo
de Judá, que possui uma bandeira de Israel na porta, foi pichada com a suástica. Pichações contra nordestinos apareceram num imóvel em Campo
Limpo (57 km da capital).
Ontem, houve mais dois ataques. Em Jundiaí, os supostos
neonazistas picharam "White
Power (Poder Branco)" e o símbolo de uma suástica num outdoor da empresa Comgás.
Em Várzea, o muro de uma
casa da avenida Duque de Caxias amanheceu pichado com
os seguintes dizeres: "Fora nordestinos imundos. Skinheads
(Cabeças Raspadas)."
"As pichações podem ser de
simpatizantes de neonazistas",
disse o delegado Hamilton de
Souza, de Várzea. O prefeito
Eduardo Tadeu Pereira (PT),
afirmou que a Guarda Civil irá
reforçar as rondas na cidade.
Devido às pichações, foi
aberto inquérito na delegacia
seccional de Jundiaí e região.
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