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Reintegração acelera recuperação de esquizofrênicos
Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas estudou 43 pacientes, que fizeram estágio em estabelecimentos comerciais
Houve melhora nos sintomas e em itens como memória, concentração, fluência verbal e capacidade de abstração dos pacientes
CONSTANÇA TATSCH
DA REPORTAGEM LOCAL
Estudo realizado pelo Instituto de Psiquiatria do HC de
São Paulo demonstrou que a
reintegração dos portadores de
esquizofrenia é ponto importante para a recuperação.
O projeto, chamado ReAção,
envolveu 43 pacientes com a
doença sob controle. Durante
seis meses, metade deles participava de estágio em algum estabelecimento comercial. Passado o período, era a vez da outra metade, que até então fazia
apenas o acompanhamento
ambulatorial.
De acordo com o professor de
psiquiatria da Faculdade de
Medicina da USP e autor do estudo, Wagner F. Gattaz, existem três grupos de sintomas da
doença: os produtivos (delírio,
distorção da realidade e alucinações), os negativos (perda de
impulsos, estreitamento dos
interesses, diminuição da capacidade de mostrar sentimentos) e o déficit cognitivo (como
raciocínio lógico, abstração,
linguagem).
O trabalho não incluiu pacientes que apresentassem os
sintomas produtivos. Mas o estágio melhorou os sintomas negativos e o rendimento neuro
psicológico, como concentração, memória, fluência verbal e
capacidade de abstração.
"No rendimento cognitivo,
que é o que demora mais para
ser recuperado, conseguimos
melhoras importantes e significativas em funções como controle dos impulsos, raciocínio
lógico verbal e não verbal, capacidade de planejamento intelectual, linguagem, abstração e
capacidade adaptativa", diz.
Os pacientes trabalharam em
estabelecimentos como lojas,
livraria, cybercafé e restaurantes. Receberam uma bolsa de
R$ 200 para ajudar no transporte e refeições. O dinheiro vinha do próprio programa, patrocinado pela Souza Cruz.
Além das melhoras clínicas, o
estágio possibilitou que os esquizofrênicos fossem reintegrados. "Se a pessoa vai procurar trabalho e fala "eu tive uma
fratura de fêmur, fiquei seis
meses internado e quero voltar
a trabalhar", tudo bem. Mas, se
a pessoa afirma "eu tive um surto psiquiátrico, mas estou bem
agora", se diz "ah, tá bom'", conta Gattaz, para quem o estigma
desses pacientes é um grave
empecilho para a recuperação.
A grande surpresa foi que o
desempenho dos estagiários
agradou além do esperado, e 14
foram contratados.
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