São Paulo, domingo, 28 de outubro de 2007

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Obrigatória, cadeirinha deverá custar mais

Fabricantes poderão ter de enviar produtos para avaliação no exterior para, somente depois, obter o selo do Inmetro

Só poderão ser fabricados e vendidos no país os assentos infantis automotivos que tiverem certificação do instituto

DA REPORTAGEM LOCAL

A obrigatoriedade de uso das cadeirinhas para crianças nos carros foi articulada com uma nova exigência que deverá elevar os preços do produto.
A partir de janeiro de 2008, só poderão ser fabricados no país os assentos infantis automotivos com certificação do Inmetro e, a partir do final de maio, as lojas só poderão vender produtos nessa condição.
"As multas variam de R$ 100 a R$ 5,5 milhões. Não adiantaria ter a obrigação do produto no trânsito sem a certificação obrigatória, e vice-versa", afirma Alfredo Lobo, que é diretor da qualidade do Inmetro.
A norma foi fixada pelo instituto de metrologia para tentar acabar com a confusão existente hoje para os consumidores.
Ao mesmo tempo em que há praticamente consenso sobre a importância da cadeirinha, há também uma constatação de que boa parte dos produtos vendidos são inadequados.
Quem busca selo do Inmetro para tentar assegurar uma compra de qualidade se dá mal: as certificações estão suspensas. "Atualmente não podemos indicar nenhum", afirma Jackson França, responsável pelo programa de dispositivo de retenção infantil do instituto.
O Inmetro chegou a fazer anos atrás certificações para os fabricantes que se interessavam. França afirma, porém, que foram constatadas falhas que desacreditaram uma entidade parceira responsável pelos processos. "Havia cadeira certificada que era como uma rede, ou seja, um perigo", diz.
O principal problema para que não haja até hoje um controle de qualidade é a ausência de laboratórios nacionais.
O Inmetro decidiu, contudo, que a certificação será obrigatória a partir do ano que vem -e, para isso, os fabricantes, se preciso, terão de enviar seus produtos para serem avaliados no exterior, somente depois obtendo um selo do Inmetro.
A obrigatoriedade enfrenta a resistência de alguns fabricantes. "Fica inviável. Se houvesse laboratório aqui, tudo bem. Mas imagine gastar com frete, ter de se deslocar até lá. Há uma série de novas exigências, e os preços vão subir. Meu medo é prejudicar quem não tem recursos", afirma Debora Treves, da Abrapur (Associação Brasileira de Produtos Infantis).
Treves é a favor da certificação porque avalia que "hoje está uma confusão, com tudo igualado, e tem picareta em todo lugar". Mas avalia ser necessário um laboratório nacional.
Elio Santini Jr., diretor industrial da Burigotto, se diz favorável à exigência sob a alegação de que os custos não são significativos. Ele estima em 250 mil a demanda anual hoje -e que deve passar de 1 milhão.

Preços
O preço das cadeirinhas hoje varia bastante de acordo com a marca. No início da semana, a reportagem visitou três lojas (Alô Bebê, Ecobaby e BMart) e encontrou produtos de R$ 250 até R$ 915. A maioria dos modelos para crianças até cinco anos está de R$ 350 a R$ 550.
As cadeirinhas maiores, que podem ser usadas pelas crianças até por volta dos dez anos, geralmente não são recomendadas para bebês e têm uma média de preço mais alta: de R$ 500 a R$ 700. Para os mais velhos, porém, há a opção dos boosters (assentos de elevação), a partir de R$ 90.
Para 2008, a orientação aos consumidores é só adquirir as cadeiras certificadas pelo Inmetro e evitar cair nas promoções de produtos piores nas semanas anteriores ao prazo para vigorar essa obrigatoriedade.
Hoje, uma recomendação dos especialistas é tentar buscar produtos que sejam certificados na Europa ou nos EUA. Aqueles que já tiveram a certificação anterior do Inmetro -e que acabou suspensa- também podem servir de referência por terem sido submetidos a algum teste, mas é preciso considerar critérios como a credibilidade da marca.
Marcus Romaro, especialista em segurança veicular, diz que "já estamos muito atrasados em relação ao resto do mundo".
"Aqui há quem gaste R$ 3.000 em um som, mas não quer pagar pela cadeirinha."
(ALENCAR IZIDORO e DANIELA TÓFOLI)


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