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Obrigatória, cadeirinha deverá custar mais
Fabricantes poderão ter de enviar produtos para avaliação no exterior para, somente depois, obter o selo do Inmetro
Só poderão ser fabricados e vendidos no país
os assentos infantis automotivos que tiverem certificação do instituto
DA REPORTAGEM LOCAL
A obrigatoriedade de uso das
cadeirinhas para crianças nos
carros foi articulada com uma
nova exigência que deverá elevar os preços do produto.
A partir de janeiro de 2008,
só poderão ser fabricados no
país os assentos infantis automotivos com certificação do
Inmetro e, a partir do final de
maio, as lojas só poderão vender produtos nessa condição.
"As multas variam de R$ 100
a R$ 5,5 milhões. Não adiantaria ter a obrigação do produto
no trânsito sem a certificação
obrigatória, e vice-versa", afirma Alfredo Lobo, que é diretor
da qualidade do Inmetro.
A norma foi fixada pelo instituto de metrologia para tentar
acabar com a confusão existente hoje para os consumidores.
Ao mesmo tempo em que há
praticamente consenso sobre a
importância da cadeirinha, há
também uma constatação de
que boa parte dos produtos
vendidos são inadequados.
Quem busca selo do Inmetro
para tentar assegurar uma
compra de qualidade se dá mal:
as certificações estão suspensas. "Atualmente não podemos
indicar nenhum", afirma Jackson França, responsável pelo
programa de dispositivo de retenção infantil do instituto.
O Inmetro chegou a fazer
anos atrás certificações para os
fabricantes que se interessavam. França afirma, porém,
que foram constatadas falhas
que desacreditaram uma entidade parceira responsável pelos processos. "Havia cadeira
certificada que era como uma
rede, ou seja, um perigo", diz.
O principal problema para
que não haja até hoje um controle de qualidade é a ausência
de laboratórios nacionais.
O Inmetro decidiu, contudo,
que a certificação será obrigatória a partir do ano que vem
-e, para isso, os fabricantes, se
preciso, terão de enviar seus
produtos para serem avaliados
no exterior, somente depois
obtendo um selo do Inmetro.
A obrigatoriedade enfrenta a
resistência de alguns fabricantes. "Fica inviável. Se houvesse
laboratório aqui, tudo bem.
Mas imagine gastar com frete,
ter de se deslocar até lá. Há uma
série de novas exigências, e os
preços vão subir. Meu medo é
prejudicar quem não tem recursos", afirma Debora Treves,
da Abrapur (Associação Brasileira de Produtos Infantis).
Treves é a favor da certificação porque avalia que "hoje está uma confusão, com tudo
igualado, e tem picareta em todo lugar". Mas avalia ser necessário um laboratório nacional.
Elio Santini Jr., diretor industrial da Burigotto, se diz favorável à exigência sob a alegação de que os custos não são
significativos. Ele estima em
250 mil a demanda anual hoje
-e que deve passar de 1 milhão.
Preços
O preço das cadeirinhas hoje
varia bastante de acordo com a
marca. No início da semana, a
reportagem visitou três lojas
(Alô Bebê, Ecobaby e BMart) e
encontrou produtos de R$ 250
até R$ 915. A maioria dos modelos para crianças até cinco
anos está de R$ 350 a R$ 550.
As cadeirinhas maiores, que
podem ser usadas pelas crianças até por volta dos dez anos,
geralmente não são recomendadas para bebês e têm uma
média de preço mais alta: de R$
500 a R$ 700. Para os mais velhos, porém, há a opção dos
boosters (assentos de elevação), a partir de R$ 90.
Para 2008, a orientação aos
consumidores é só adquirir as
cadeiras certificadas pelo Inmetro e evitar cair nas promoções de produtos piores nas semanas anteriores ao prazo para
vigorar essa obrigatoriedade.
Hoje, uma recomendação
dos especialistas é tentar buscar produtos que sejam certificados na Europa ou nos EUA.
Aqueles que já tiveram a certificação anterior do Inmetro -e
que acabou suspensa- também podem servir de referência por terem sido submetidos a
algum teste, mas é preciso considerar critérios como a credibilidade da marca.
Marcus Romaro, especialista
em segurança veicular, diz que
"já estamos muito atrasados
em relação ao resto do mundo".
"Aqui há quem gaste R$
3.000 em um som, mas não
quer pagar pela cadeirinha."
(ALENCAR IZIDORO e DANIELA TÓFOLI)
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