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ELIAS SLON (1919-2009)
Um príncipe do violino e sua paixão pela bailarina
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
A moça na plateia foi ver a
irmã pianista tocar, mas havia
um certo rapaz no palco com
um violino, e ela não conseguiu desgrudar os olhos dele.
Elias Slon redobrou-se de
atenção: tinha de atacar o instrumento e retribuir os olhares da mulher com quem viveria por 64 anos. Conheceram-se ali, quando ela, uma
bailarina de nome Aida, foi falar com ele após o concerto.
Isso foi na Argentina, onde
ambos nasceram. De família
musical, desde os quatro anos
Elias já andava enroscado
com o violino. Aos 29, entrou
para a orquestra do teatro Colón, em Buenos Aires.
Sete anos depois, desligou-se do grupo e montou o quarteto Los Príncipes del Violín,
que se apresentou no Chile,
Uruguai e sul do Brasil, país
pelo qual se apaixonou.
Em 1957, veio a SP com a família. Tocou na Filarmônica
de SP, na Sinfônica da USP
(Osusp) -onde ficou por 25
anos como "spalla" (líder)- e
na Orquestra Jazz Sinfônica.
Para os amigos da Osusp,
Elias era um solista brilhante.
Participou de gravações de
artistas como Elizeth Cardoso, Dick Farney e Maysa.
Em 2002, o filho Cláudio,
baterista que gravou com Jobim, Sinatra e Sergio Mendes,
morreu de câncer. Sua mulher morreu três anos depois,
deprimida com a perda do filho e de uma neta. Como conta o filho Daniel, Aida era o
grande amor da vida do pai.
"Ele vivia em função dela."
Com a morte da mulher, dizia que sua vida não fazia mais
sentido. Há oito anos sem tocar, impedido pela idade
avançada, morreu anteontem, aos 90, de falência de órgãos, em Valinhos (SP). Teve
dois filhos e três netas.
coluna.obituario@uol.com.br
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