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entrevista
Psiquiatra da Unifesp apoia internação
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, da Unifesp,
a internação de certos pacientes com dependência
química protege a própria
pessoa e as que a cercam.
FOLHA - Algumas internações podem ser involuntárias?
RONALDO LARANJEIRA - Sim.
Às vezes, se você esperar a
pessoa se tratar, pode expô-la ou expor outros a riscos. Basta um acordo do
médico e da família e informar ao Ministério Público. Se a família tiver dinheiro, tem que fazer internação involuntária particular. Se não, terá um
grande problema porque o
serviço público não tem
opções de internação.
FOLHA - E as afirmações do
Ministério da Saúde de que
tem investido bastante nisso?
LARANJEIRA - Se você for a
qualquer hospital geral ou
psiquiátrico no Estado de
SP, verá um monte de gente esperando internação.
FOLHA - Quem são os mais
prejudicados?
LARANJEIRA - O paciente
para quem o atendimento
ambulatorial não deu certo recusa tratamento. Esses são os que vão estar
mais expostos a riscos.
FOLHA - Os CAPs [Centros de
Atenção Psicossocial] não admitem internação?
LARANJEIRA - O Ministério
da Saúde é contra internação. É uma política pela
qual os CAPs deveriam dar
conta de todos os casos.
A maioria dos meus pacientes não é internada.
Mas alguns são. Ninguém
quer a volta dos manicômios. Mas internações em
enfermarias psiquiátricas
para pacientes que precisam são fundamentais.
FOLHA - O que a família pode
fazer para ajudar?
LARANJEIRA - Quando a
pessoa fica dependente, é
possível que a família já tenha conversado, proibido,
etc. Se não consegue resolver, deve procurar um sistema de autoajuda, como o
Narcóticos Anônimos. Se
não conseguir, vai depender: se tem dinheiro, busca
boas clínicas; se busca o
serviço público, está frita.
FOLHA - Como vê a política
de redução de danos?
LARANJEIRA - Se você é
usuário de crack e não
quer parar, o ministério
vai dar o cachimbo para
você usar de forma segura,
ou então que use maconha. Não vejo justificativa
técnica. É muito discutível
adotar para todos, sem insistir na abstinência.
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