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Educadores criticam corte de vagas em creches de SP
Uso de vagas das crianças com até um ano por mais velhas gera polêmica
Para a prefeitura,
solução imediata é
assegurar vaga às
crianças com mais de 3
anos na rede municipal
DE SÃO PAULO
Ao alterar novamente a
distribuição de crianças no
ensino infantil, a Prefeitura
de SP mostra falta de planejamento, dizem educadores.
A partir de 2011, crianças
de três anos voltarão a ser
atendidas pelas creches,
conforme a Folha informou
ontem. Desde 2007, elas ficavam nas pré-escolas.
Como já há deficit de vagas
nessa etapa, parte dos postos
antes oferecidos a crianças
de zero a um ano serão destinados aos mais velhos. Ou
seja: criança com até um ano,
fora da rede, terá mais dificuldade para encontrar vaga.
A medida foi tomada para
aumentar a capacidade de
atendimento das pré-escolas
a crianças de quatro e cinco
anos, faixa etária que passará a ser obrigatória em 2016.
"Esse vai e vem só mostra
que não há uma política definida para o ensino infantil",
diz Cisele Ortiz, coordenadora do Instituto Avisa Lá, que
capacita educadores.
"Todas as crianças têm direito a escola. Mas era prejudicial as de três anos na pré-escola, com jornada menor e
muitos alunos na turma."
A professora da Faculdade
de Educação da USP Maria
Letícia Nascimento também
critica a gestão Gilberto Kassab (DEM) pela alteração na
rede. Para ela, a mudança foi
mais negativa que positiva.
"É importante atender as
crianças de quatro e cinco
anos. Mas e os bebês? A alteração parece mais uma preocupação com números do
que com a educação."
As turmas de zero a um
ano podem ter até sete crianças; nas de três anos, são até
25. Assim, para cada vaga de
bebê, é possível abrir mais de
três para alunos mais velhos.
"A medida é para atender
regulamentação federal que
agora, com clareza, estabeleceu novos parâmetros", disse ontem o prefeito. "Continua a meta de construir mais
creches e precisamos acelerar para que possamos atender o mais rápido possível as
crianças ainda na fila."
Para Kassab, "o importante é que encontramos a cidade com 58 mil crianças em
creches e hoje temos aproximadamente 130 mil".
IMPROVISO
Nadja de Oliveira Silva, 38,
cria o neto Gabriel, que desde
os primeiros meses de vida
espera por vaga em uma creche no bairro de São Lucas
(zona leste). Ele vai completar um ano em novembro.
Para Nadja, auxiliar de serviços gerais, o mais difícil é
quando ela precisa ir ao trabalho. "Um dia ele fica com a
cunhada, o outro com a vizinha, tem dia que eu levo ele
comigo para o trabalho."
Não é a primeira vez que
Nadja passa pelo problema.
A outra neta, Maria Eduarda,
esperou dois anos por vaga.
(FÁBIO TAKAHASHI E ANDRÉA MACIEL)
Colaborou o "Agora"
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