São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2010

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ANÁLISE

Garantir boas condições aos animais no zoo é a melhor opção

MARCELO LEITE
DE SÃO PAULO

Há sete espécies de grandes primatas, com quem os humanos constituem a família Hominidae: Homo sapiens, duas de gorilas (Gorilla gorilla e G. beringei), duas de chimpanzés (Pan troglodytes e P. paniscus) e duas de orangotangos (Pongo pygmaeus e P. abelii).
Das seis não humanas, duas se encontram criticamente ameaçadas de extinção e quatro, ameaçadas.
Além de partilhar a maior parte de seu genoma, elas são também os animais mais populares dos zoológicos. O interesse pode parecer mútuo, mas a presença das grades e dos vidros deixa claro quem é livre e quem é bicho.
Índios brasileiros, fueguinos e hotentotes africanos também foram um dia exibidos, como animais, na Europa. Isso para não falar da escravidão, que já foi considerada parte da ordem natural até por crentes em Deus.
Muita coisa na sensibilidade ocidental se modificou desde 1975, quando o filósofo australiano Peter Singer publicou "Libertação Animal", a Bíblia do movimento pelos direitos dos animais.
Duas cientistas também contribuíram muito para essa mudança: Jane Goodall, a amiga dos chimpanzés, e Dian Fossey, que pagou com a vida por defender gorilas.
Os grandes primatas têm cérebros, mentes e comportamento similares aos do H. sapiens. São portadores de faculdades antes atribuídas só a humanos, como o uso de símbolos, ferramentas, guerras e até sexo interessado.
Singer e seus seguidores querem esvaziar as jaulas de grandes primatas e dar-lhes status jurídico de pessoa.
Não é fácil traçar a fronteira, porém. Os amigos dos grandes primatas poderiam ser acusados de "familismo": libertar só os primos mais próximos manteria encarcerados todos os macacos do Novo Mundo, como os nossos saguis, micos e bugios.
Esvaziar os zoos, além de quixotesco, impediria muitas crianças de travar contato mais próximo com os animais. Um caminho intermediário seria exigir condições mais humanas para todos os bichos, ou seja, espaços em que possam conviver bem.
Quando não for possível, como parece ser o caso de elefantes, a proibição soa justa. Bem menos justificável seria confinar primatas nascidos e criados em cativeiro a santuários, longe do público.


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