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ANÁLISE
Garantir boas condições aos animais no zoo é a melhor opção
MARCELO LEITE
DE SÃO PAULO
Há sete espécies de grandes primatas, com quem os
humanos constituem a família Hominidae: Homo sapiens, duas de gorilas (Gorilla
gorilla e G. beringei), duas de
chimpanzés (Pan troglodytes
e P. paniscus) e duas de orangotangos (Pongo pygmaeus e
P. abelii).
Das seis não humanas,
duas se encontram criticamente ameaçadas de extinção e quatro, ameaçadas.
Além de partilhar a maior
parte de seu genoma, elas
são também os animais mais
populares dos zoológicos. O
interesse pode parecer mútuo, mas a presença das grades e dos vidros deixa claro
quem é livre e quem é bicho.
Índios brasileiros, fueguinos e hotentotes africanos
também foram um dia exibidos, como animais, na Europa. Isso para não falar da escravidão, que já foi considerada parte da ordem natural
até por crentes em Deus.
Muita coisa na sensibilidade ocidental se modificou
desde 1975, quando o filósofo
australiano Peter Singer publicou "Libertação Animal",
a Bíblia do movimento pelos
direitos dos animais.
Duas cientistas também
contribuíram muito para essa mudança: Jane Goodall, a
amiga dos chimpanzés, e
Dian Fossey, que pagou com
a vida por defender gorilas.
Os grandes primatas têm
cérebros, mentes e comportamento similares aos do H.
sapiens. São portadores de
faculdades antes atribuídas
só a humanos, como o uso de
símbolos, ferramentas, guerras e até sexo interessado.
Singer e seus seguidores
querem esvaziar as jaulas de
grandes primatas e dar-lhes
status jurídico de pessoa.
Não é fácil traçar a fronteira, porém. Os amigos dos
grandes primatas poderiam
ser acusados de "familismo":
libertar só os primos mais
próximos manteria encarcerados todos os macacos do
Novo Mundo, como os nossos saguis, micos e bugios.
Esvaziar os zoos, além de
quixotesco, impediria muitas crianças de travar contato
mais próximo com os animais. Um caminho intermediário seria exigir condições
mais humanas para todos os
bichos, ou seja, espaços em
que possam conviver bem.
Quando não for possível,
como parece ser o caso de
elefantes, a proibição soa
justa. Bem menos justificável
seria confinar primatas nascidos e criados em cativeiro a
santuários, longe do público.
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