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BARBARA GANCIA
Liana e Eliana em mundos à parte
Engraçado. No ano passado, quando a sobrinha da
minha empregada foi assassinada com 12 tiros à queima-roupa,
não lembro de ter notado nenhuma comoção em torno do fato.
Ela se chamava Eliana, tinha 19
anos e morava no Jardim Riviera,
que fica próximo ao Jardim Ângela. Os tiros desfiguraram seu rosto
e o velório foi realizado com caixão fechado.
Devo estar precisando tomar
ginko biloba, pois não me recordo
de ter visto na TV qualquer reportagem com helicópteros da polícia
sobrevoando o local onde Eliana
foi morta. Tampouco me lembro
da coletiva de imprensa com a polícia dando satisfações sobre o crime ou de ver a Hebe pedir a cabeça dos assassinos em seu programa. E, como a família de Eliana é
evangélica, creio que o rabino Sobel não tenha ido ao enterro da
moça prestar solidariedade ou
manifestar indignação.
Passado mais de um ano, ninguém ainda descobriu quem matou Eliana. Pelo modo como foi
morta, suspeita-se que ela tinha
alguma dívida com traficantes.
Mas, como as investigações foram
encerradas prematuramente,
ninguém sabe dizer o que houve.
Concedo que o advogado Ari
Friedenbach, pai da garota Liana, assassinada em Embu-Guaçu, ainda esteja sob forte emoção
por conta de tudo o que aconteceu. Mesmo assim, ouso dizer que
ele deveria selecionar melhor as
pessoas com quem anda. Luiz Antonio Fleury Filho, que o acompanhou na visita ao Congresso, é
um dos homens de frente do lobby
armamentista em Brasília. Só para entender melhor, lembro que a
arma que matou o namorado de
Liana pertencia a um dos acusados do crime. Pois bem, esse indivíduo já tinha sido preso por porte ilegal, mas fora solto em seguida, sem maiores explicações, e teve o processo arquivado.
O sr. Friedenbach deve ficar
atento, pois pode estar sendo usado por grupos que agem movidos
por interesses bem diferentes dos
seus. E pode servir de fantoche em
passeatas farsescas, que usam o
lema da paz para pedir pena de
morte e vingança.
Caso você ainda não tenha entendido o mais recente escândalo
envolvendo o príncipe Charles,
saiba que as tais imagens sobre
seu "relacionamento gay" mostram um serviçal praticando no
príncipe o que Paulo Francis chamava de "trabalho de sopro".
Ora, se Charles tem alguém para
colocar até pasta na escova de
dentes, qual a novidade em descobrir que o futuro rei tem à disposição alguém que executa para
ele o mais básico dos serviços?
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