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CRISE NA SAÚDE
Apenas após a interferência da polícia, Souza Aguiar prestou auxilio; entidade diz que prioriza casos graves
Hospital nega atendimento a crianças no Rio
DA SUCURSAL DO RIO
Duas mães tiveram de apelar à
Polícia Militar para que seus filhos
fossem atendidos na madrugada
de ontem no hospital municipal
Souza Aguiar, no centro do Rio de
Janeiro, o maior de emergência
do país e um dos maiores da
América Latina.
Uma das crianças, de dois anos,
apresentava crise de bronquite. A
outra, de nove meses, tinha ingerido comprimidos acidentalmente. O chefe da equipe de emergência do Souza Aguiar no sábado,
Alfredo Tutti, no entanto, pediu
que as mães procurassem outro
hospital. Para garantir socorro
aos filhos, as mães chamaram a
Polícia Militar.
PMs do 5º batalhão (praça
Mauá) estavam prontos para conduzir o chefe da equipe do hospital à delegacia para registrar a
queixa por omissão de socorro.
Após cerca de três horas de confusão, a PM conseguiu convencer
o médico a atender às crianças.
"O médico ameaçou fechar a
emergência e não atender a mais
ninguém", relatou uma das mães,
Juliana Rodrigues, 21.
O diretor do Hospital Souza
Aguiar, José Macedo, disse à Folha que o volume de atendimento
da emergência é grande e, por isso, a orientação é dar prioridade
aos casos mais graves.
Contudo, o diretor não soube
informar quais eram os casos
mais graves que estavam sendo
atendidos naquele momento.
"As famílias das crianças chamaram a polícia por ansiedade.
Todo mundo quer ser atendido e
deve ser atendido", declarou Macedo, acrescentando que vai apurar hoje com o chefe da equipe do
sábado o que ocorreu.
No setor de pronto-atendimento do Souza Aguiar, cerca de 480
pacientes são atendidos diariamente. A falta de ao menos 300 tipos de medicamento levou os médicos a suspender parte do atendimento em outubro. Apenas os
pacientes em estado grave foram
recebidos na unidade. As cirurgias eletivas foram canceladas.
O hospital, por sua localização
estratégica no centro da cidade,
recebe uma parte significativa de
baleados em confrontos entre traficantes ou com a polícia.
Só dois dos seis aparelhos de
raios-X são de uso corrente. De
dez salas para cirurgias, quatro
costumam ficar fechadas, de
acordo com a comissão de saúde
da Assembléia Legislativa do Rio.
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