São Paulo, segunda-feira, 28 de novembro de 2005

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CRISE NA SAÚDE

Apenas após a interferência da polícia, Souza Aguiar prestou auxilio; entidade diz que prioriza casos graves

Hospital nega atendimento a crianças no Rio

DA SUCURSAL DO RIO

Duas mães tiveram de apelar à Polícia Militar para que seus filhos fossem atendidos na madrugada de ontem no hospital municipal Souza Aguiar, no centro do Rio de Janeiro, o maior de emergência do país e um dos maiores da América Latina.
Uma das crianças, de dois anos, apresentava crise de bronquite. A outra, de nove meses, tinha ingerido comprimidos acidentalmente. O chefe da equipe de emergência do Souza Aguiar no sábado, Alfredo Tutti, no entanto, pediu que as mães procurassem outro hospital. Para garantir socorro aos filhos, as mães chamaram a Polícia Militar.
PMs do 5º batalhão (praça Mauá) estavam prontos para conduzir o chefe da equipe do hospital à delegacia para registrar a queixa por omissão de socorro.
Após cerca de três horas de confusão, a PM conseguiu convencer o médico a atender às crianças.
"O médico ameaçou fechar a emergência e não atender a mais ninguém", relatou uma das mães, Juliana Rodrigues, 21.
O diretor do Hospital Souza Aguiar, José Macedo, disse à Folha que o volume de atendimento da emergência é grande e, por isso, a orientação é dar prioridade aos casos mais graves.
Contudo, o diretor não soube informar quais eram os casos mais graves que estavam sendo atendidos naquele momento.
"As famílias das crianças chamaram a polícia por ansiedade. Todo mundo quer ser atendido e deve ser atendido", declarou Macedo, acrescentando que vai apurar hoje com o chefe da equipe do sábado o que ocorreu.
No setor de pronto-atendimento do Souza Aguiar, cerca de 480 pacientes são atendidos diariamente. A falta de ao menos 300 tipos de medicamento levou os médicos a suspender parte do atendimento em outubro. Apenas os pacientes em estado grave foram recebidos na unidade. As cirurgias eletivas foram canceladas.
O hospital, por sua localização estratégica no centro da cidade, recebe uma parte significativa de baleados em confrontos entre traficantes ou com a polícia.
Só dois dos seis aparelhos de raios-X são de uso corrente. De dez salas para cirurgias, quatro costumam ficar fechadas, de acordo com a comissão de saúde da Assembléia Legislativa do Rio.


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