São Paulo, segunda-feira, 28 de novembro de 2005

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Candidato pede "ajuda divina"

DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA


Para passar no vestibular da Fuvest, o estudante Thiago Dias, 17, que tenta uma vaga em marketing, foi muito além dos livros.
Na semana anterior à prova, esteve no campus da USP Leste, onde pretende estudar, e percorreu várias salas em que orou com os pés descalços em companhia da mãe. "Onde colocarmos a planta dos pés o senhor nos dará como herança. Está na Bíblia", afirmou a mãe do candidato, a empresária Sandra Pitta, 39, que é evangélica.
Ontem, dia da prova, ela deu sete voltas em torno da UniSant'Anna (zona norte), onde o filho fazia vestibular, e orou em voz alta em frente ao prédio pedindo pela aprovação de Thiago. "O povo de Deus deu sete voltas em torno das muralhas de Jericó e elas foram ao chão. Fiz isso aqui para afastar as dificuldades do meu filho", disse a mãe, para quem a palavra reprovação não existe. "Profetizo que ele vai passar", afirmou.
O estudante também está confiante na aprovação. "Acertei 65 questões das cem e acredito que já estou na segunda fase. Acima de tudo, a gente conta com o poder realizador de Deus nas nossas vidas", disse ele, ontem, após ter conferido o gabarito da prova.
Se Thiago e sua mãe contavam com a providência divina para a aprovação, Leandro Barbosa, 21, morador de São Luiz do Paraitinga (180 km da capital), trouxe no bolso um amuleto inusitado para lhe dar sorte na disputa por uma vaga no curso de audiovisual: um sapinho de brinquedo. Segundo ele, o animal é personagem de uma das marchinhas de Carnaval pelas quais a cidade é conhecida.
Ao deixar o colégio da zona sul paulistana, onde fez a prova, ele apontou o teste de química como o mais difícil, mas disse não ter tido problemas para resolver as questões. "O nível estava bom para quem estudou."
Não foi o caso de Márcia Cristina Gallene, 38, que seguiu um roteiro pouco usual na preparação para o exame. "Não fiz cursinho e não estudei quase nada em casa."
A candidata a um lugar na FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade) se mostrou cansada ao sair da prova. "A cabeça da gente dá um nó." Segundo Gallene, matemática foi o matéria que mais deu trabalho. "Fui pelo chute."
Já a empresária Joana Brasiliano, 49, que fez prova com a filha, Daiane, 17, considerou o exame apenas um teste. "Foi só uma experiência. Faltou estudo", disse Joana, que está fora das salas de aula há 25 anos.
Daiane, que concorre a uma vaga em lazer e turismo, terminou a prova primeiro e ficou esperando pela mãe, que faz o vestibular para ciências contábeis. Para a filha, a prova estava mais fácil do que o esperado. "Os enunciados das questões estavam coerentes e matemática, física e química foram as disciplinas nas quais tive mais dificuldade", disse Daiane.
(LUÍSA BRITTO, LUCAS NEVES e THARSILA PRATES)

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