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Jovem de 19 anos engravida após usar anticoncepcional
Medicamento injetado em posto de saúde de Ribeirão Preto foi suspenso no dia 9
Veto ao Contracep foi definido após laboratório detectar que lotes tinham menos hormônio do que o indicado contra a gravidez
JORGE SOUFEN JR
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
Isabel, 19, não queria ficar
grávida. Procurou em junho o
Centro Saúde-Escola do bairro
Sumarezinho, em Ribeirão
Preto. Sob recomendação médica, tomou uma injeção do anticoncepcional Contracep, da
EMS Sigma-Pharma, com proteção de três meses. Em setembro, voltou a utilizar o medicamento. Neste mês, fez um ultra-som em um Núcleo de Saúde da Família. Resultado: está
esperando um bebê.
O medicamento que Isabel
usou teve três lotes com distribuição, uso e venda suspensos
no último dia 9 pelo CVS (Centro de Vigilância Sanitária) no
Estado de São Paulo.
A medida -estendida no dia
12 a todo o país e a todos os lotes pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)-
foi tomada após o Instituto
Adolfo Lutz detectar que três
lotes do Contracep continham
menos hormônio do que o indicado para evitar uma gravidez.
A EMS diz desconhecer algum caso de gravidez associado
ao medicamento.
O caso de Isabel e de outra
mulher de Ribeirão Preto serão
investigados pela Secretaria de
Estado da Saúde. A outra paciente teria usado o Contracep
uma vez, em outubro, em um
posto de saúde. Neste mês, ela
procurou a unidade para informar que fez um teste e estava
grávida, mas as autoridades
ainda não confirmam esse caso.
A secretaria informou que
"há um caso confirmado e um
suspeito" de gravidez após o
uso do Contracep. Afirmou que
só vai se manifestar após analisar relatórios da prefeitura.
200 mil doses
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, cerca de 200 mil
mulheres no Brasil podem ter
usado o anticoncepcional interditado. A distribuição dos lotes suspeitos ocorreu a partir
de junho, mas ainda não é possível determinar a quantidade
que já foi usada por pacientes.
Pela decisão da Anvisa, a comercialização e o uso do Contracep foram proibidos por 30
dias, a partir do dia 12. Nesse
tempo, a Anvisa informou que
seriam realizados exames para
saber se outros lotes também
apresentavam problema na
quantidade de hormônios,
além de inspeções na fábrica.
Até agora, nada foi divulgado.
A empresa diz não ter recebido
orientações da Anvisa.
A Secretaria de Saúde de Ribeirão Preto só confirmou o caso de Isabel -recusou-se a dar
informações sobre a paciente,
alegando sigilo médico. A reportagem esteve no posto de
saúde do bairro do Sumarezinho e conseguiu apenas o primeiro nome da mulher.
Diante dos casos -os únicos
suspeitos até agora no Estado,
diz a secretaria estadual-, postos de saúde do município começaram a convocar para testes de gravidez cerca de 4.500
mulheres que usaram o Contracep nos últimos meses.
De acordo com o médico Oswaldo Cruz Franco, secretário
municipal de Saúde, Isabel teria ficado grávida após a primeira injeção. "Agora, é preciso
aguardar os resultados de um
exame para saber há quanto
tempo ela está grávida."
O secretário não soube informar se os 3.000 contraceptivos
recolhidos pela prefeitura após
a decisão do CVS faziam parte
dos três lotes em que o Adolfo
Lutz identificou irregularidades. "Se houve falha, não deve
ser desses lotes, porque a paciente tomou um anterior", disse Franco.
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