São Paulo, quarta-feira, 28 de novembro de 2007

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Jovem de 19 anos engravida após usar anticoncepcional

Medicamento injetado em posto de saúde de Ribeirão Preto foi suspenso no dia 9

Veto ao Contracep foi definido após laboratório detectar que lotes tinham menos hormônio do que o indicado contra a gravidez

JORGE SOUFEN JR
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

Isabel, 19, não queria ficar grávida. Procurou em junho o Centro Saúde-Escola do bairro Sumarezinho, em Ribeirão Preto. Sob recomendação médica, tomou uma injeção do anticoncepcional Contracep, da EMS Sigma-Pharma, com proteção de três meses. Em setembro, voltou a utilizar o medicamento. Neste mês, fez um ultra-som em um Núcleo de Saúde da Família. Resultado: está esperando um bebê.
O medicamento que Isabel usou teve três lotes com distribuição, uso e venda suspensos no último dia 9 pelo CVS (Centro de Vigilância Sanitária) no Estado de São Paulo.
A medida -estendida no dia 12 a todo o país e a todos os lotes pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)- foi tomada após o Instituto Adolfo Lutz detectar que três lotes do Contracep continham menos hormônio do que o indicado para evitar uma gravidez.
A EMS diz desconhecer algum caso de gravidez associado ao medicamento.
O caso de Isabel e de outra mulher de Ribeirão Preto serão investigados pela Secretaria de Estado da Saúde. A outra paciente teria usado o Contracep uma vez, em outubro, em um posto de saúde. Neste mês, ela procurou a unidade para informar que fez um teste e estava grávida, mas as autoridades ainda não confirmam esse caso.
A secretaria informou que "há um caso confirmado e um suspeito" de gravidez após o uso do Contracep. Afirmou que só vai se manifestar após analisar relatórios da prefeitura.

200 mil doses
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, cerca de 200 mil mulheres no Brasil podem ter usado o anticoncepcional interditado. A distribuição dos lotes suspeitos ocorreu a partir de junho, mas ainda não é possível determinar a quantidade que já foi usada por pacientes.
Pela decisão da Anvisa, a comercialização e o uso do Contracep foram proibidos por 30 dias, a partir do dia 12. Nesse tempo, a Anvisa informou que seriam realizados exames para saber se outros lotes também apresentavam problema na quantidade de hormônios, além de inspeções na fábrica.
Até agora, nada foi divulgado. A empresa diz não ter recebido orientações da Anvisa.
A Secretaria de Saúde de Ribeirão Preto só confirmou o caso de Isabel -recusou-se a dar informações sobre a paciente, alegando sigilo médico. A reportagem esteve no posto de saúde do bairro do Sumarezinho e conseguiu apenas o primeiro nome da mulher.
Diante dos casos -os únicos suspeitos até agora no Estado, diz a secretaria estadual-, postos de saúde do município começaram a convocar para testes de gravidez cerca de 4.500 mulheres que usaram o Contracep nos últimos meses.
De acordo com o médico Oswaldo Cruz Franco, secretário municipal de Saúde, Isabel teria ficado grávida após a primeira injeção. "Agora, é preciso aguardar os resultados de um exame para saber há quanto tempo ela está grávida."
O secretário não soube informar se os 3.000 contraceptivos recolhidos pela prefeitura após a decisão do CVS faziam parte dos três lotes em que o Adolfo Lutz identificou irregularidades. "Se houve falha, não deve ser desses lotes, porque a paciente tomou um anterior", disse Franco.


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