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Foco
Disputa por mortos leva duas funerárias de cidade do Mato Grosso à Justiça
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
A Justiça estabeleceu um rodízio para pôr fim a uma disputa de duas funerárias pelos
mortos de Araputanga, cidade
de 15,3 mil habitantes a 350 km
de Cuiabá (Mato Grosso). Ainda cabe recurso.
A rivalidade incluía até vigília em hospitais, além de mimos para funcionários que avisassem sobre algum novo óbito. Os casos foram relatados ao
Ministério Público Estadual,
que entrou com uma ação na
Justiça e obteve decisão favorável no dia 12.
Assim, as funerárias serão
obrigadas a seguir uma escala
de plantão, com alternância
entre dias ímpares e pares. Nos
meses com 31 dias, as duas podem atuar. Caso familiares de
um morto prefiram os serviços
da empresa que não esteja trabalhando naquele dia, a vontade será respeitada.
Foi o meio para acabar com a
"farra", disse o promotor Marcelo Araújo. "Só está faltando
dar tiro um no outro para pegar
cadáver."
A Promotoria recebeu queixas de que, em algumas ocasiões, uma das funerárias encaminhava agrados como pizzas e
garrafas de vinho para funcionários de hospitais e órgãos policiais na busca pela antecedência no aviso sobre uma morte.
A polícia investiga o caso.
Uma das funerárias, ao ser
informada de que havia chegado uma pessoa em estado grave
ao hospital, "montou vigília ostensiva diante do local à espreita do momento de futuro e
eventual óbito, com seus veículos escancaradamente estacionados, o que acabou por gerar
mal-estar e constrangimento
com os familiares da pessoa
acidentada", informa a ação. A
polícia apura o caso.
Segundo o ministério, houve
casos em que as funerárias
atrapalharam o trabalho da polícia na pressa para conseguir
clientes. "Quando a polícia
chegava lá, o corpo já não estava mais", afirma o promotor
Araújo. A estratégia incluiu até
espreita diante de um hospital
para ver se uma vítima de acidente morria. Um carro da funerária estava ali para levar o
corpo, se fosse necessário, diz a
Promotoria.
A disputa ocorria também
durante a preparação do corpo:
acompanhado dos familiares
do morto, o proprietário de
uma funerária foi até a concorrente reivindicar o cadáver.
"Eles quase se agrediram fisicamente na frente do cadáver e
da família", relata Araújo. A
Folha não conseguiu falar com
as empresas -Araputanga e M.
do N. Rodrigues.
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