São Paulo, quarta-feira, 28 de novembro de 2007

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Foco

Disputa por mortos leva duas funerárias de cidade do Mato Grosso à Justiça

JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA

A Justiça estabeleceu um rodízio para pôr fim a uma disputa de duas funerárias pelos mortos de Araputanga, cidade de 15,3 mil habitantes a 350 km de Cuiabá (Mato Grosso). Ainda cabe recurso.
A rivalidade incluía até vigília em hospitais, além de mimos para funcionários que avisassem sobre algum novo óbito. Os casos foram relatados ao Ministério Público Estadual, que entrou com uma ação na Justiça e obteve decisão favorável no dia 12.
Assim, as funerárias serão obrigadas a seguir uma escala de plantão, com alternância entre dias ímpares e pares. Nos meses com 31 dias, as duas podem atuar. Caso familiares de um morto prefiram os serviços da empresa que não esteja trabalhando naquele dia, a vontade será respeitada.
Foi o meio para acabar com a "farra", disse o promotor Marcelo Araújo. "Só está faltando dar tiro um no outro para pegar cadáver."
A Promotoria recebeu queixas de que, em algumas ocasiões, uma das funerárias encaminhava agrados como pizzas e garrafas de vinho para funcionários de hospitais e órgãos policiais na busca pela antecedência no aviso sobre uma morte. A polícia investiga o caso.
Uma das funerárias, ao ser informada de que havia chegado uma pessoa em estado grave ao hospital, "montou vigília ostensiva diante do local à espreita do momento de futuro e eventual óbito, com seus veículos escancaradamente estacionados, o que acabou por gerar mal-estar e constrangimento com os familiares da pessoa acidentada", informa a ação. A polícia apura o caso.
Segundo o ministério, houve casos em que as funerárias atrapalharam o trabalho da polícia na pressa para conseguir clientes. "Quando a polícia chegava lá, o corpo já não estava mais", afirma o promotor Araújo. A estratégia incluiu até espreita diante de um hospital para ver se uma vítima de acidente morria. Um carro da funerária estava ali para levar o corpo, se fosse necessário, diz a Promotoria.
A disputa ocorria também durante a preparação do corpo: acompanhado dos familiares do morto, o proprietário de uma funerária foi até a concorrente reivindicar o cadáver. "Eles quase se agrediram fisicamente na frente do cadáver e da família", relata Araújo. A Folha não conseguiu falar com as empresas -Araputanga e M. do N. Rodrigues.


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