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Meta de diesel mais limpo até 2009 não será atendida
Petrobras condiciona a distribuição do produto menos poluente à oferta de veículos com motores de tecnologia mais avançada
A Anfavea, por sua vez, afirma que tem prazo até 2010 para colocar no mercado esses veículos; resolução prevê punições
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
A meta brasileira de reduzir
até 2009 as emissões de poluentes de veículos pesados
com o uso de um diesel mais
limpo e de motores mais modernos não será atendida.
O objetivo, que faz parte do
Proconve (principal programa
federal de controle da poluição
por veículos), não será atingido
porque a Petrobras afirmou ontem que fará a distribuição de
diesel menos poluente somente quando os veículos disponíveis no mercado já tiverem motores com tecnologia semelhante à européia.
A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), por sua
vez, diz que tem, por lei, um
prazo até novembro de 2010
para colocar os novos veículos
"na praça". Antes disso, dará
andamento a testes e desenvolvimento de tecnologia.
A resolução 315 do Conama
(Conselho Nacional do Meio
Ambiente) que fixou o prazo de
2009 para a redução das emissões de poluentes pelos veículos diz que deve ser promovido
tanto o desenvolvimento tecnológico nacional quanto a
adequação dos combustíveis,
mas não especifica o que deve
ocorrer primeiro.
O documento prevê, entretanto, punições de acordo com
a lei de crimes ambientais e o
decreto 3.179, de 1999, em caso
de descumprimento. De acordo
com o decreto, "causar poluição de qualquer natureza em
níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde
humana" tem multa que varia
de R$ 1.000 a R$ 50 milhões.
Oded Grajew, do Movimento
Nossa São Paulo, diz que a entidade pode ir à Justiça caso a
Anfavea não cumpra a meta. "É
inegociável. Não dá para passar
por cima da vida das pessoas, da
saúde pública."
Benefício controverso
Apesar de colocar uma condição na distribuição, a afirmação da Petrobras é considerada
uma vitória por ambientalistas
como Fabio Feldman, já que foi
a primeira vez que a empresa
afirmou que importará o diesel
mais limpo se houver demanda
a partir de 2009.
A empresa diz que fará até
2012 um investimento de R$ 9
bilhões em usinas de hidrotratamento de diesel, porém apenas a partir de 2010 deve ter
diesel menos poluente próprio
para distribuir.
O diretor de abastecimento
da Petrobras, Paulo Roberto
Costa, alega que não adianta
disponibilizar combustível melhor sem motor adequado. "É
tampar o sol com a peneira".
Segundo ele, dessa forma o benefício é "limitado".
Especialistas discordam.
Uma pesquisa do IPT feita em
ônibus da SPTrans mostra uma
redução de 55% nas emissões
de material particulado (mistura de poeiras e fumaça) só com
a substituição do diesel por um
produto com menor teor de enxofre e menos poluente -sem
ter sido feita a troca de motor
ou colocação de catalisador.
Carlos Ibsen Lacava, da Cetesb (agência ambiental paulista), confirma que há benefícios
significativos só com a substituição do diesel. "Quanto mais
novo o motor, maior o benefício. Num motor de 2005, por
exemplo, a redução na emissão
de material particulado pode
chegar a 50%." O Estado de SP
tem 450 mil veículos a diesel e a
renovação é de 4,5% a cada ano.
Uréia
Os motores novos terão catalisadores que usam uréia. Por
isso, os postos de combustíveis
também precisarão disponibilizar uréia para venda. "Os veículos vão ter um tanque de diesel e outro de uréia", diz Costa.
De acordo com ele, os postos
do Brasil também terão que
instalar bombas e tanques novos para o diesel menos poluente. A reportagem tentou
ouvir o Sincopetro (sindicato
dos postos) sobre as mudanças,
sem sucesso.
O preço do novo combustível
será mais alto, mas a Petrobras
não disse quanto custará.
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