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"É uma criança, me chamou de vovô", diz ouvidor sobre jovem
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
O ouvidor nacional da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Fermino Fecchio, afirmou ontem, em Belém (PA),
que a adolescente de 15 anos,
que ficou 26 dias detida em
uma cela com outros presos em
Abaetetuba (137 km de Belém),
é uma criança.
Ele está no Pará há uma semana e disse que, assim que viu
a garota pela primeira vez, reconheceu-a como criança.
"Chamam a menina de adulta,
de moça. Ela me chamou até de
vovô. É uma criança."
Fecchio disse, ainda, que as
autoridades (policiais, judiciárias e defensores públicos) precisam rever e modificar o jeito
de atuar no Pará para que a população não tenha medo de denunciar casos de violação dos
direitos humanos.
De acordo com o ouvidor, foi
o medo de denunciar que fez a
adolescente permanecer todo
esse tempo presa numa cela
com homens.
"As pessoas da cidade sabiam
do caso e não denunciaram por
medo. É incrível que a população pobre, que deve ser defendida pelas autoridades, confesse que tenha medo de se dirigir
a elas. Então, as autoridades
têm de parar, pensar, rever e
modificar o jeito de atuar no
Pará", disse.
A juíza da comarca, Clarice
Andrade, que determinou a prisão da garota, não foi afastada
do trabalho. Já a delegada Flávia Verônica Pereira, que fez
seu flagrante, está afastada.
(KB)
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