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Prefeitura troca de banco para fazer caixa
Kassab rompe contrato com Itaú e Bradesco e negocia com o Banco do Brasil a gestão da folha de pagamento dos servidores
Novo acordo deverá gerar R$ 726 milhões aos cofres do município; para rescindir contrato atual, governo vai desembolsar R$ 96 milhões
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito Gilberto Kassab
(DEM) vai trocar o banco que
administra a folha de pagamento dos servidores municipais
para reforçar o caixa da Prefeitura de São Paulo em 2010.
Kassab afirmou ontem que
pretende romper o contrato
com o Itaú e o Bradesco e transferir as contas salariais do funcionalismo público municipal e
outros serviços para o Banco do
Brasil. A administração municipal receberá R$ 726 milhões
em cinco anos de acordo. A
transação foi noticiada ontem
pelo jornal "Valor Econômico".
Em 2005, o Itaú e o Bradesco
compraram o direito de explorar esses serviços por R$ 530,5
milhões para um período de
cinco anos. Os contratos com as
instituições financeiras venceriam em setembro de 2010,
mas o governo decidiu antecipar seu fim. Pela rescisão unilateral, a prefeitura pagará multa
de R$ 96 milhões aos bancos.
O secretário de Finanças,
Walter Aluisio Morais Rodrigues, disse que a prefeitura optou por antecipar o rompimento do contrato porque o mercado de venda de folhas de pagamento está instável.
De acordo com ele, 60 leilões
realizados por prefeituras paulistas neste ano não tiveram nenhum banco interessado. Um
dos problemas é a chamada
portabilidade, que vai permitir
aos servidores optarem pelo
banco em que vão receber seus
salários a partir de 2012 -ou
seja, o banco fecha o acordo
com a prefeitura, mas não tem
a garantia de que terá o salário
do funcionário público.
"Quanto mais próximo do
prazo da portabilidade, mais
barato. Além disso, os preços
estão baixos. O Banco do Brasil
está com uma política agressiva
em relação ao Estado de São
Paulo e se mostrou interessado.
Optamos por fechar com eles."
Pelo acordo, a prefeitura
concentrará no Banco do Brasil
as operações de pagamento de
servidores e de fornecedores e
a centralização das disponibilidades de caixa.
Hoje, os servidores recebem
seus salários pelo Itaú-Unibanco, que também centraliza a receita municipal. O Bradesco é o
responsável pelo pagamento
dos fornecedores.
O contrato com o Banco do
Brasil será feito sem licitação
por se tratar de órgão público.
Os servidores terão de transferir suas contas do Itaú para o
Banco do Brasil a partir de janeiro. Será definido um prazo
para a conclusão da operação.
Os bancos não se manifestaram. Kassab disse que tratou da
rescisão amigável dos contratos pessoalmente com os presidentes do Itaú e do Bradesco.
O dinheiro da transação com
o Banco do Brasil, disse Kassab,
será usado para cumprir a promessa de repassar R$ 1 bilhão
ao metrô no atual mandato.
Com a venda da folha de pagamentos, chega a R$ 2,3 bilhões o reforço de caixa da prefeitura no próximo ano, incluindo os R$ 744 milhões do
aumento do IPTU, que deve ser
aprovado definitivamente na
quarta-feira que vem.
As receitas extras farão o Orçamento da prefeitura passar
de R$ 30 bilhões em 2010. Até o
fim deste ano, a receita chegará
a no máximo R$ 24,5 bilhões
-R$ 5 bilhões a menos que a
previsão de Kassab no ano passado, quando enviou a proposta
de Orçamento para a aprovação
da Câmara Municipal.
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