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Jornalista é sequestrada e morta em SP
Policial que integra grupo da tropa de elite da PM confessou crime, diz polícia; ele pedia R$ 500 mil de resgate
Luciana Montanhana, 29, foi sequestrada dia 11, ao deixar o shopping Eldorado (zona oeste); corpo foi achado ontem
ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO
O corpo da jornalista Luciana Barreto Montanhana,
29, foi encontrado ontem pela DAS (Divisão Antissequestro), da Polícia Civil de São
Paulo, no km 44 da rodovia
Anchieta, perto de Cubatão.
Segundo o delegado Wagner Giudice, chefe da DAS,
Rodrigo Domingues Medina,
34, cabo do Gate (Grupo de
Ações Táticas Especiais), que
integra a Tropa de Choque,
grupo de elite da PM, confessou o sequestro e a morte.
Luciana foi sequestrada
no último dia 11, quando deixava uma academia de ginástica no shopping Eldorado, em Pinheiros (zona oeste
de SP). Ela trabalhava na
Gaspar Associados, assessoria de imprensa que presta
serviços a multinacionais.
A DAS chegou ao cabo Medina no dia 20, quando ele
usou um orelhão na Vila Maria, perto da sede do Gate, para ligar para o pai da jornalista e exigir o pagamento de
um resgate de R$ 500 mil.
Como a DAS mantinha várias equipes de policiais espalhadas pelas zonas norte e
centro de São Paulo, de onde
partiram os cinco telefonemas de Medina para o pai da
jornalista, o PM foi surpreendido e tentou resistir à prisão.
O cabo atirou contra os policiais da DAS e foi ferido nas
costas. Dentro do carro dele
foi encontrada uma lista com
os telefones da família da jornalista e, na sua casa, a bolsa
e o telefone celular dela.
Há uma semana, o suspeito dizia ter sido apenas o negociador do sequestro, mas,
ontem, ele confessou o crime, de acordo com a polícia.
Medina, segundo o delegado Giudice, vivia sozinho
em um quarto na zona norte,
não tinha vínculos sociais e
não falava com a mãe e a irmã havia mais de um ano.
ATAQUE
À polícia Medina disse ter
atacado Luciana no shopping por acreditar que ela era
rica e afirmou que seu carro
-um utilitário Captiva- foi
um dos critérios de seleção.
Ainda de acordo com o delegado, o PM também confessou ter estrangulado a vítima
ainda na noite do dia 11 "porque ela não parava quieta e
tentou resistir ao sequestro".
Ainda assim, o PM fez cinco
ligações para exigir resgate.
Medina diz ter abordado a
jornalista dentro do shopping, mas a polícia não acredita e trabalha com a hipótese de o ataque ter sido a duas
quadras do shopping.
A participação de outros
PMs no crime é investigada.
Eles seriam conhecidos da família da vítima. Policial militar desde 1996, Medina nunca teve problemas disciplinares na corporação -ele integrava o Gate desde 2006.
Ontem, ao divulgar a foto
do acusado, a PM borrou a
parte da imagem em que Medina aparecia fardado. A intenção era evitar danos à
imagem da corporação.
A Folha não conseguiu falar com o suspeito, isolado
no hospital da corporação,
nem localizou seu advogado.
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