São Paulo, domingo, 28 de novembro de 2010

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Jornalista é sequestrada e morta em SP

Policial que integra grupo da tropa de elite da PM confessou crime, diz polícia; ele pedia R$ 500 mil de resgate

Luciana Montanhana, 29, foi sequestrada dia 11, ao deixar o shopping Eldorado (zona oeste); corpo foi achado ontem

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

O corpo da jornalista Luciana Barreto Montanhana, 29, foi encontrado ontem pela DAS (Divisão Antissequestro), da Polícia Civil de São Paulo, no km 44 da rodovia Anchieta, perto de Cubatão.
Segundo o delegado Wagner Giudice, chefe da DAS, Rodrigo Domingues Medina, 34, cabo do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), que integra a Tropa de Choque, grupo de elite da PM, confessou o sequestro e a morte.
Luciana foi sequestrada no último dia 11, quando deixava uma academia de ginástica no shopping Eldorado, em Pinheiros (zona oeste de SP). Ela trabalhava na Gaspar Associados, assessoria de imprensa que presta serviços a multinacionais.
A DAS chegou ao cabo Medina no dia 20, quando ele usou um orelhão na Vila Maria, perto da sede do Gate, para ligar para o pai da jornalista e exigir o pagamento de um resgate de R$ 500 mil.
Como a DAS mantinha várias equipes de policiais espalhadas pelas zonas norte e centro de São Paulo, de onde partiram os cinco telefonemas de Medina para o pai da jornalista, o PM foi surpreendido e tentou resistir à prisão.
O cabo atirou contra os policiais da DAS e foi ferido nas costas. Dentro do carro dele foi encontrada uma lista com os telefones da família da jornalista e, na sua casa, a bolsa e o telefone celular dela.
Há uma semana, o suspeito dizia ter sido apenas o negociador do sequestro, mas, ontem, ele confessou o crime, de acordo com a polícia.
Medina, segundo o delegado Giudice, vivia sozinho em um quarto na zona norte, não tinha vínculos sociais e não falava com a mãe e a irmã havia mais de um ano.

ATAQUE
À polícia Medina disse ter atacado Luciana no shopping por acreditar que ela era rica e afirmou que seu carro -um utilitário Captiva- foi um dos critérios de seleção.
Ainda de acordo com o delegado, o PM também confessou ter estrangulado a vítima ainda na noite do dia 11 "porque ela não parava quieta e tentou resistir ao sequestro". Ainda assim, o PM fez cinco ligações para exigir resgate.
Medina diz ter abordado a jornalista dentro do shopping, mas a polícia não acredita e trabalha com a hipótese de o ataque ter sido a duas quadras do shopping.
A participação de outros PMs no crime é investigada. Eles seriam conhecidos da família da vítima. Policial militar desde 1996, Medina nunca teve problemas disciplinares na corporação -ele integrava o Gate desde 2006.
Ontem, ao divulgar a foto do acusado, a PM borrou a parte da imagem em que Medina aparecia fardado. A intenção era evitar danos à imagem da corporação.
A Folha não conseguiu falar com o suspeito, isolado no hospital da corporação, nem localizou seu advogado.


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