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Maranhão faz celas sem pias e vasos sanitários
Seria preciso escolta até banheiro coletivo
SÍLVIA FREIRE
DE SÃO PAULO
O governo do Maranhão
está construindo uma unidade prisional em Imperatriz
(586 km de São Luís) com celas sem vasos sanitários nem
pias. O projeto, para abrigar
210 presos, prevê banheiros
coletivos. Toda vez que precisassem usá-los, os detentos
teriam de ser escoltados.
Segundo o promotor Domingos Eduardo da Silva, a
construção viola a Lei de Execuções Penais. A Defensoria
Pública do Maranhão pediu
que a Justiça embargasse a
obra na semana passada.
Em entrevista à Folha, o
secretário adjunto da Segurança Pública, João Bispo Serejo, admitiu que o projeto
está errado e afirmou que ele
será modificado para cumprir o que manda a lei.
Serejo disse, porém, que o
modelo prevendo banheiros
coletivos havia sido enviado
ao Estado -já aprovado-
pelo Ministério da Justiça,
que repassou recursos para a
construção da unidade.
Segundo ele, só após o início da obra é que se percebeu
que haveria dificuldade toda
vez que um agente penitenciário tivesse que acompanhar um preso ao banheiro.
A construção da unidade,
que deve ser entregue em
abril de 2011, começou há
quatro meses. A secretaria
não informou quanto gastará
a mais para que as celas tenham vaso sanitário e pia.
O Departamento Penitenciário Nacional, ligado ao Ministério da Justiça, afirmou
que o projeto foi elaborado
pelo governo do Estado. O
centro de ressocialização de
Imperatriz irá abrigar presos
de regime fechado tanto provisórios (que aguardam sentença ou em prisão preventiva) quanto condenados.
A reportagem não conseguiu detalhes do projeto, como tamanho das celas.
Para o defensor público
Fábio Souza de Carvalho, a
adoção de banheiros coletivos "viola a dignidade humana". "O Estado é quem vai decidir quando o preso pode ir
ao banheiro?", questionou.
Para a juíza Samira Heluy,
o modelo só agravaria o problema da falta de agentes penitenciários nas unidades
prisionais do Maranhão.
Há duas semanas, duas rebeliões simultâneas no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, terminaram com 18 presos mortos.
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