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MARIA LUIZA MELCHERT DE CARVALHO E SILVA (1922-2009)
A professora Marilu, e o medo de perder a lucidez
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Dos 19 aos 75, Maria Luiza
Melchert de Carvalho e Silva,
a Marilu, formou milhares de
alunos. Integrante da primeira turma do curso de letras da
USP, ela só parou de dar aulas
quando teve de se aposentar.
Nos últimos tempos, seu
medo era perder a lucidez,
conta o filho Luiz Alberto,
economista e também professor. Mesmo estando na UTI,
ainda resolvia palavras cruzadas para exercitar a memória.
Natural de Santos (SP), Marilu veio para a capital aos 16,
para fazer faculdade. Assim
que se formou, foi dar aulas de
português, latim e grego.
Teve uma biblioteca com
cerca de 50 mil volumes, alguns herdados da família do
marido, um engenheiro. Entre tantos livros, havia raridades como um dicionário francês-inglês editado antes da
Revolução Francesa (1789).
Diz o filho que ela, muito rigorosa e forte, criou os filhos
para serem inabaláveis. Perdeu um bebê logo após o nascimento, e três de seus filhos
-incluindo Luiz- nasceram
com glaucoma, o que não os
impediu de ter uma vida normal. A filha Maria Regina, por
exemplo, é médica.
Além de professora, Marilu
foi revisora -acatou a Reforma Ortográfica, mas sob protestos. Ultimamente, ainda
costumava receber os decretos da Secretaria de Cultura
da cidade para revisá-los antes da publicação, trabalho
que já fizera com vários livros.
Havia quebrado o fêmur.
Viúva desde 1975, morreu no
domingo (20), aos 87, de falência de órgãos. Teve oito filhos e oito netos. A missa de
sétimo dia foi anteontem.
coluna.obituario@uol.com.br
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