São Paulo, segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

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MARIA LUIZA MELCHERT DE CARVALHO E SILVA (1922-2009)

A professora Marilu, e o medo de perder a lucidez

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Dos 19 aos 75, Maria Luiza Melchert de Carvalho e Silva, a Marilu, formou milhares de alunos. Integrante da primeira turma do curso de letras da USP, ela só parou de dar aulas quando teve de se aposentar.
Nos últimos tempos, seu medo era perder a lucidez, conta o filho Luiz Alberto, economista e também professor. Mesmo estando na UTI, ainda resolvia palavras cruzadas para exercitar a memória.
Natural de Santos (SP), Marilu veio para a capital aos 16, para fazer faculdade. Assim que se formou, foi dar aulas de português, latim e grego.
Teve uma biblioteca com cerca de 50 mil volumes, alguns herdados da família do marido, um engenheiro. Entre tantos livros, havia raridades como um dicionário francês-inglês editado antes da Revolução Francesa (1789).
Diz o filho que ela, muito rigorosa e forte, criou os filhos para serem inabaláveis. Perdeu um bebê logo após o nascimento, e três de seus filhos -incluindo Luiz- nasceram com glaucoma, o que não os impediu de ter uma vida normal. A filha Maria Regina, por exemplo, é médica.
Além de professora, Marilu foi revisora -acatou a Reforma Ortográfica, mas sob protestos. Ultimamente, ainda costumava receber os decretos da Secretaria de Cultura da cidade para revisá-los antes da publicação, trabalho que já fizera com vários livros.
Havia quebrado o fêmur.
Viúva desde 1975, morreu no domingo (20), aos 87, de falência de órgãos. Teve oito filhos e oito netos. A missa de sétimo dia foi anteontem.

coluna.obituario@uol.com.br


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