São Paulo, segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

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Empresário é morto por vigia em padaria

Após discutir com segurança na Dona Deôla de Higienópolis, Dácio Múcio de Souza Junior, 29, foi esfaqueado na madrugada

Vigia já havia discutido com irmã de empresário, cuja família mora próxima ao local; procurada pela Folha, a padaria não comentou o caso

LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Dácio Múcio de Souza Junior, 29, foi morto ontem de madrugada, depois de discutir com um segurança da padaria 24 horas Dona Deôla, localizada no bairro de Higienópolis (centro de São Paulo). Souza Junior era um dos cinco filhos de Dácio Múcio de Souza, fundador e presidente do Grupo Europa, fabricante de purificadores de água.
Administrador de empresas com especialização em marketing, Souza Junior vinha sendo preparado pelo pai para sucedê-lo no comando da empresa. Também tinha planos de se casar em 2010. Foi esfaqueado no abdome ao sair da padaria, que é vizinha do apartamento em que vivia com a família. Às 6h20, o Hospital Samaritano, para onde o jovem foi conduzido, declarou-o morto.
Nathalia Curti de Souza, 20, irmã de Souza Junior, disse que, por volta das 5h de domingo, insones, os dois resolveram ir à padaria, comer alguma coisa. Eles haviam acabado de voltar do sítio da família.
Ao chegar à Dona Deôla, os irmãos dirigiram-se à gerência. Queriam saber que providências o estabelecimento havia tomado em relação a uma discussão ocorrida na madrugada da última terça-feira.
Na ocasião, Nathalia e uma turma de seis amigas voltavam da balada, quando resolveram ir à padaria tomar café da manhã. Foi então que um segurança -identificado por Nathalia como Eduardo Pompeu-, pôs-se a reclamar com as garotas, de que elas estavam "falando alto demais". Segundo a irmã, o homem xingou-as com palavrões. Iniciou-se um bate-boca.
Nathalia, que é frequentadora da padaria, voltou no dia seguinte, para pedir providências em relação ao segurança. Segundo ela, foi informada de que o homem já se havia envolvido em outras discussões igualmente ásperas com clientes. "Prometeram resolver tudo e eu aproveitei para pedir desculpas por qualquer problema que eventualmente eu ou minhas amigas tivéssemos causado."
Só que, na madrugada de domingo, quando o irmão cobrava informações sobre o que sucedera ao segurança, os dois foram surpreendidos pelo próprio. De novo, iniciou-se uma discussão.
"Meu impulso foi o de tirar o meu irmão dali imediatamente e fui pagar o que havíamos consumido", afirmou Nathalia. Segundo ela, nesse instante, a moça do caixa disse-lhe que o segurança estava armado e pediu: "Corre, que ele está com alguma coisa debaixo da camisa".
"Nem paguei. Fui para o estacionamento, peguei o meu carro e dei a volta no quarteirão para voltar para a frente da padaria e pegar o Junior."
"Foi aí que vi o segurança, andando tranquilamente na rua, como se nada tivesse acontecido. Perguntei pelo meu irmão e ele fez sinal com a mão de que saíra por aí". Ao voltar à padaria, Nathalia viu Souza Junior estirado no chão da calçada, de bruços. Virou-o e viu o ferimento, ensanguentado. "Já estava morto", afirma.
A irmã disse ter visto o segurança outras vezes no local. "Eles estão sempre por ali, no cantinho deles, de uniforme, e a gente se sentia mais segura quando via que eles estavam por ali." Segundo testemunhas, o acusado do crime, Eduardo Pompeu, é pai de quatro filhos e trabalhava no local havia cerca de dois anos e meio. As mesmas pessoas disseram que ele tem família no interior paulista. Está foragido.
A Folha procurou algum representante da Dona Deôla para falar sobre o episódio. Na padaria, funcionando normalmente, a gerente Adriana disse que ninguém estava autorizado a comentar o assunto.
O corpo do empresário será enterrado hoje no cemitério do Araçá, centro de São Paulo.


Colaborou o "AGORA"


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