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Empresário é morto por vigia em padaria
Após discutir com segurança na Dona Deôla de Higienópolis, Dácio Múcio de Souza Junior, 29, foi esfaqueado na madrugada
Vigia já havia discutido com irmã de empresário, cuja família mora próxima ao local; procurada pela Folha, a padaria não comentou o caso
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
O empresário Dácio Múcio
de Souza Junior, 29, foi morto
ontem de madrugada, depois
de discutir com um segurança
da padaria 24 horas Dona Deôla, localizada no bairro de Higienópolis (centro de São Paulo). Souza Junior era um dos
cinco filhos de Dácio Múcio de
Souza, fundador e presidente
do Grupo Europa, fabricante de
purificadores de água.
Administrador de empresas
com especialização em marketing, Souza Junior vinha sendo
preparado pelo pai para sucedê-lo no comando da empresa.
Também tinha planos de se casar em 2010. Foi esfaqueado no
abdome ao sair da padaria, que
é vizinha do apartamento em
que vivia com a família. Às
6h20, o Hospital Samaritano,
para onde o jovem foi conduzido, declarou-o morto.
Nathalia Curti de Souza, 20,
irmã de Souza Junior, disse
que, por volta das 5h de domingo, insones, os dois resolveram
ir à padaria, comer alguma coisa. Eles haviam acabado de voltar do sítio da família.
Ao chegar à Dona Deôla, os
irmãos dirigiram-se à gerência.
Queriam saber que providências o estabelecimento havia
tomado em relação a uma discussão ocorrida na madrugada
da última terça-feira.
Na ocasião, Nathalia e uma
turma de seis amigas voltavam
da balada, quando resolveram
ir à padaria tomar café da manhã. Foi então que um segurança -identificado por Nathalia
como Eduardo Pompeu-, pôs-se a reclamar com as garotas, de
que elas estavam "falando alto
demais". Segundo a irmã, o homem xingou-as com palavrões.
Iniciou-se um bate-boca.
Nathalia, que é frequentadora da padaria, voltou no dia seguinte, para pedir providências
em relação ao segurança. Segundo ela, foi informada de que
o homem já se havia envolvido
em outras discussões igualmente ásperas com clientes.
"Prometeram resolver tudo e
eu aproveitei para pedir desculpas por qualquer problema que
eventualmente eu ou minhas
amigas tivéssemos causado."
Só que, na madrugada de domingo, quando o irmão cobrava
informações sobre o que sucedera ao segurança, os dois foram surpreendidos pelo próprio. De novo, iniciou-se uma
discussão.
"Meu impulso foi o de tirar o
meu irmão dali imediatamente
e fui pagar o que havíamos consumido", afirmou Nathalia. Segundo ela, nesse instante, a moça do caixa disse-lhe que o segurança estava armado e pediu:
"Corre, que ele está com alguma coisa debaixo da camisa".
"Nem paguei. Fui para o estacionamento, peguei o meu carro e dei a volta no quarteirão
para voltar para a frente da padaria e pegar o Junior."
"Foi aí que vi o segurança, andando tranquilamente na rua,
como se nada tivesse acontecido. Perguntei pelo meu irmão e
ele fez sinal com a mão de que
saíra por aí". Ao voltar à padaria, Nathalia viu Souza Junior
estirado no chão da calçada, de
bruços. Virou-o e viu o ferimento, ensanguentado. "Já estava morto", afirma.
A irmã disse ter visto o segurança outras vezes no local.
"Eles estão sempre por ali, no
cantinho deles, de uniforme, e a
gente se sentia mais segura
quando via que eles estavam
por ali." Segundo testemunhas,
o acusado do crime, Eduardo
Pompeu, é pai de quatro filhos e
trabalhava no local havia cerca
de dois anos e meio. As mesmas
pessoas disseram que ele tem
família no interior paulista. Está foragido.
A Folha procurou algum representante da Dona Deôla para falar sobre o episódio. Na padaria, funcionando normalmente, a gerente Adriana disse
que ninguém estava autorizado
a comentar o assunto.
O corpo do empresário será
enterrado hoje no cemitério do
Araçá, centro de São Paulo.
Colaborou o "AGORA"
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