São Paulo, terça-feira, 28 de dezembro de 2010

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Ação municipal não evita queda de árvore

Acidente em dia de chuva forte continua ocorrendo mesmo após início de programa paulistano de monitoramento

Nem sempre é possível identificar problemas, afirma administração; dados sobre quedas não estão compilados ainda


VANESSA CORREA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nem os mutirões de poda nem o programa Identidade Verde da prefeitura conseguem determinar se uma árvore vai cair em São Paulo.
Ao menos três avaliadas no início do mês foram ao chão nas chuvas recentes.
A primeira caiu dia 13 sobre um carro na avenida Pompeia, zona oeste, após ser classificada como "saudável". Outras duas foram ao chão nas avenidas Fonseca Rodrigues, no Alto de Pinheiros, e Mercedes, no Alto da Lapa. Esta, dentro da área da Subprefeitura da Lapa, onde o Identidade Verde começou.
A Folha pediu à prefeitura local e motivo das quedas neste ano, mas não obteve resposta. A administração diz que os dados estão "dispersos em vários órgãos".
Anteontem, com a chuva à tarde, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) registrou quedas de árvores em 12 locais. Ontem, 7 obstruíam vias -o órgão indica as quedas, mas não compila dados.
A coordenadora do Identidade Verde, Cynthia Guimarães Bianchi, diz que, apesar do esforço em detectar quedas iminentes, algumas árvores podem ter problemas não identificáveis relativos a raízes, presença de ocos ou ataques de cupim.
"Ela [árvore da av. Pompeia] estava aparentemente saudável", diz. "Depois que caiu fomos ver que tinha um comprometimento nas raízes", completa Bianchi.
Segundo a coordenadora, o principal problema detectado entre as 12 mil árvores identificadas pelo programa, em 29 subprefeituras, são raízes pouco desenvolvidas. O pesquisador do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) Sérgio Brazolin concorda.
Brazolin afirma que as raízes não conseguem crescer por baixo da rua e ficam desequilibradas em relação à copa. Bocas de lobo e tubulações também impedem o crescimento normal delas.
Quando chove, tronco e folhas acumulam água, e o peso da árvore pode mais que dobrar, segundo o pesquisador. Com o solo encharcado, as raízes perdem adesão, e a árvore, especialmente se a copa for grande e desequilibrada, pode ir ao chão.
Por ser o bairro com maior registro de pedidos de corte e remoção de árvores à prefeitura, a Lapa, zona oeste, foi escolhida para o projeto piloto do Identidade Verde, que diagnostica as árvores e tenta solucionar os problemas.
"Quando você tem inúmeros pedidos de atendimento para uma região, algum problema está acontecendo com aquela vegetação", diz a coordenadora do programa.
As subprefeituras com mais solicitações de poda e remoção são, nesta ordem: Lapa, Pinheiros, Ipiranga, Butantã, Santo Amaro, Vila Mariana, Vila Prudente, Mooca, Sé e Penha.
Entre 2003 e 2005, Brazolin, do IPT, fez uma pesquisa para a prefeitura nos bairros Pacaembu, Sumaré, Jardins, Cerqueira César, Alto da Lapa, Alto da Boa Vista e Paraíso. O estudo apontou que 16% das 1.109 árvores pesquisadas se encontravam em estado de alerta máximo quanto ao risco de queda.
A prefeitura diz que todas essas árvores receberam as intervenções apropriadas.


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