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100 anos da imigração japonesa
Escola leva mais de mil japoneses ao sambódromo
Enredo da Unidos de Vila Maria contará os cem anos da imigração japonesa
Baianas estarão vestidas de gueixas, com sombrinhas de bambu trazidas do Japão; madrinha de bateria será uma autêntica japonesa
KARIN BLIKSTAD
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A presença japonesa no Carnaval paulistano em 2008 irá
muito além dos rebolados da
ex-BBB Sabrina Sato, estrela
tradicional da Gaviões da Fiel.
A Unidos de Vila Maria, escola de samba da zona norte de
São Paulo, fará um desfile sobre
os cem anos da imigração japonesa no país e deve levar ao
Anhembi mais de mil japoneses ou descendentes -não para
aplaudir e tirar fotos da arquibancada ou do camarote, mas
para sambar na passarela.
As baianas estarão vestidas
de gueixas, com sombrinhas de
bambu bordadas e especialmente trazidas do Japão, e até a
madrinha de bateria fugirá ao
estereótipo: em vez de mulata,
será uma autêntica japonesa,
nascida em Nagoya e que veio
ao Brasil há oito anos -quando
diz que já sabia sambar.
"Sou amante do samba desde
1996", diz Yuka Sugiura, 36, citando a época em que viu, pela
primeira vez, um desfile de escola de samba pela TV.
"Meu coração bateu junto
com a bateria. Arrepiei. Acordou algo que estava dormindo
em mim", diz Sugiura, entusiasmada. Decidida a aprender
a sambar, chegou a treinar cinco horas por dia. "Sou exagerada quando quero algo", conta.
Vice-campeã do Grupo Especial no ano passado, a Unidos
de Vila Maria vai se apresentar
na primeira noite dos desfiles
-que começam na sexta-feira.
O carnavalesco Wagner Santos afirma que a presença de japoneses ou descendentes na
escola vai se aproximar de 30%
dos 4.500 componentes.
Com a divulgação no comércio da Liberdade (bairro típico
da região central de São Paulo)
e até pela internet, a comunidade buscou passistas interessados. Nos ensaios da agremiação, a mistura já desperta curiosidade há meses.
"Há alas quase inteiras de japoneses", diz Santos. "É a contribuição deles para a festa."
O Brasil tem a maior comunidade de descendentes de japoneses fora do Japão. Há dez
anos, a Vai-Vai foi campeã do
Carnaval em São Paulo com
uma homenagem ao país.
No ano passado já teve um japonês que foi destaque no
Anhembi, no papel de mestre-sala da Império de Casa Verde.
Mas a expectativa é a de que,
neste ano, a participação da comunidade seja recorde.
Acostumado à pergunta sobre a habilidade do japonês no
samba, Nagato Hara, coordenador-geral das comissões do
Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, tem a resposta
pronta. "Essa história é passado. O samba se tornou internacional. É só uma questão de ter
oportunidade", afirma Hara.
A homenagem da Vila Maria
ao centenário da imigração japonesa é articulada pela escola
há três anos, quando ela registrou a intenção para não ser copiada pelas concorrentes.
Ela só deve ser parcialmente
ofuscada pela decepção do presidente da agremiação, Paulo
Sérgio Ferreira, com a falta de
patrocínio. "A colônia japonesa
não ajudou em nada, infelizmente. Pode enfatizar isso."
"A comunidade tem participado. Mas as empresas reservaram seus recursos para as festividades do centenário, em junho", justifica Nagato Hara.
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