|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Delegado-geral contesta total de apurações
Domingos Paulo Neto divulgou nota em que afirma que apenas 1,4% dos delegados são investigados por casos graves em 2009
Reportagem da Folha mostrou que 24% dos 3.313 delegados são investigados pela Corregedoria em casos abertos nos últimos anos
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O delegado-geral da Polícia
Civil de SP, Domingos Paulo
Neto, divulgou ontem uma nota à imprensa para contestar
reportagem publicada pela Folha no domingo, segundo a
qual cerca de 800 (24%) dos
3.313 delegados do Estado são
hoje investigados pela Corregedoria Geral da corporação
-pelos mais variados motivos.
Na nota, o delegado-geral
afirma que, no ano de 2009,
apenas 48 dos 3.313 delegados
"foram submetidos a processos
administrativos pelos crimes
infamantes mencionados na
epigrafada reportagem, o que
representa 1,4% do total de integrantes da carreira de delegado e não 24% como incorretamente constou daquela matéria jornalística".
O delegado disse "presumir"
que a Folha incluiu na contabilização dos 800 investigados
"infrações de menor relevância" e os chamados "procedimentos de confirmação de carreira" pelo qual a Corregedoria
apura a conduta de todos os delegados em seu período de estágio probatório (três primeiros anos de carreira).
A reportagem de domingo,
no entanto, não incluiu esses
casos "de confirmação de carreira", assim como também
não tratou apenas das investigações abertas no ano passado
-mas de todos os casos em investigação contra delegados.
As investigações da Corregedoria se intensificaram em
agosto de 2009, quando Antonio Ferreira Pinto, secretário
da Segurança Pública de José
Serra (PSDB), suspeitando de
corporativismo (muitos dos casos se arrastavam havia anos),
decidiu reformular a Corregedoria, vinculando-a diretamente ao seu gabinete. Antes, a
Corregedoria estava subordinada à Delegacia Geral.
"Injustiça"
Segundo Paulo Neto, a reportagem da Folha divulgou dados
incorretos que "maculam injustamente a honra da secular
instituição policial civil".
O delegado-geral contestou
na nota também a informação
de que 418 policiais foram "removidos" de três dos principais
órgãos da instituição. Segundo
ele, não houve punição, mas
providências com o objetivo de
colocar os policiais em unidades mais "compatíveis com seu
perfil profissional".
Entre os removidos pelo secretário Ferreira Pinto estão
delegados importantes, que foram colocados "na geladeira",
em postos de menor destaque.
É o caso, por exemplo, de Ruy
Ferraz Fontes, o "xerife" do
combate à facção criminosa
PCC por anos e que hoje está
em uma delegacia na periferia.
Um outro caso importante,
investigado pela Corregedoria,
é o que envolve o policial Renzo Borges Angerami, filho do
delegado-geral-adjunto, Alberto Angerami. Ele é suspeito de
tentar extorquir dinheiro de
um suposto criminoso. O pai
dele, braço-direito de Paulo
Neto, diz que o filho é inocente.
A Folha procurou ontem
Paulo Neto para uma entrevista, mas não obteve resposta. O
jornal pediu também, sem sucesso, acesso ao teor das apurações contra os 800 delegados.
Texto Anterior: Francisco Calazans Fernandes (1929-2010): Jornalista e criador do telecurso na década de 1970 Próximo Texto: Recorde: Apreensão de cocaína aumenta 52% em Cumbica Índice
|