São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2001

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PROTESTO

Em SP, aluno é detido durante ato promovido pela UNE pela melhoria do ensino, realizado em várias capitais

Choque entre estudantes e PMs fere cinco

ESTANISLAU MARIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O dia nacional de protesto, convocado pela UNE e Ubes, acabou em confronto entre manifestantes e policiais na cidade de São Paulo. Em outras localidades não se registrou atrito. A União Nacional dos Estudantes e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas exigem melhores condições de ensino e a instalação da CPI da Corrupção no Congresso.
No largo de São Francisco, no centro, diante da Faculdade de Direito da USP, PMs tentavam dispersar os alunos com sprays de gás pimenta. Um estudante e quatro PMs tiveram ferimentos leves; outro aluno foi detido.
O desfecho não foi pior, porque uma chuva forte, por volta das 13h, dispersou a confusão, e todos correram para se abrigar.
Em Campinas, os estudantes pararam o trânsito no centro por duas horas. Houve passeatas também em Salvador (BA), Recife (PE) e Fortaleza (CE), onde foi rezada uma missa em homenagem ao cearense Luciano Cardoso, um dos trabalhadores que morreram na plataforma P-36. Hoje, o protesto será em Belo Horizonte.
A manifestação em São Paulo começou na avenida Paulista, de onde os estudantes foram em passeata até o centro. O congestionamento chegou a 63 km, o dobro do meio-dia das quartas-feiras.
O confronto aconteceu no fim do protesto. Policiais militares detiveram o estudante secundarista M.R.S., 17, acusado de ter atirado uma pedra contra o tenente Marcelo Takarabe, um dos 50 policiais que trabalhavam no protesto.
No carro de som, os organizadores alertaram que um colega estaria "sendo preso pela polícia". Foi o suficiente para detonar uma chuva de pedras, garrafas de água, latas e mastros de bandeiras usadas na manifestação.
A direção da UNE, por meio de sua assessoria de imprensa, disse não ter visto nenhum policial agredido e que a situação saiu do controle, porque os estudantes reagiram a um investida da PM.
Segundo a entidades estudantil, 4.000 alunos participaram da manifestação; segundo a polícia, foram 2.000. A UNE diz que 200 participaram do confronto. O capitão Luís Cláudio Venâncio confirmou que só uma parte dos estudantes entrou na briga.
O estudante detido foi levado ao 1º Distrito Policial, onde foi feito ato de infração por lesão corporal e desacato. O rapaz, que é do Guarujá, poderá responder o processo em liberdade, mas seria levado ao SOS Criança, de onde só poderia sair com os pais.

Interdição
No Rio de Janeiro, milhares de estudantes fecharam as pistas da avenida Presidente Vargas, uma das mais movimentadas do centro. Na Cinelândia, estudantes jogaram garrafas de plástico e ovos em carros da PM. Não houve prisão.
O tumulto ocorreu em frente à Câmara Municipal. A PM não reagiu. Havia em volta do local pelo menos 200 policiais.
A PM calculou em 5.000 o número de estudantes que participaram dos protestos, mas, segundo a liderança da passeata, havia 20 mil manifestantes. Muitos deles tinham os rostos pintados.
No Rio, os estudantes também apresentaram uma reivindicação local: a manutenção do passe livre nos ônibus.
Na gestão do ex-prefeito Luiz Paulo Conde (PFL), foi aprovado o projeto de lei que restringe a duas viagens diárias o direito à gratuidade dos estudantes nos transportes públicos.


Colaboraram a Folha Campinas, a Agência Folha e a Sucursal do Rio



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