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VIOLÊNCIA
Preso que seria ligado à facção criminosa CDL teria sido assassinado para vingar a morte de um dos líderes do PCC
Detento é linchado por 30 no Carandiru
RITA MAGALHÃES E MARCO DE CASTRO
DO "AGORA SÃO PAULO"
Uma disputa de detentos pelo
domínio do Complexo do Carandiru (zona norte) terminou com a
morte de Carlos Roberto da Silva,
o Japonês. Ele foi linchado por
cerca de 30 presos ontem à tarde
no pátio do pavilhão 2 e morreu
de traumatismo craniano.
A vítima cumpria pena na Penitenciária de Presidente Venceslau
(635 km de São Paulo), mas foi levado para a Penitenciária do Estado no último dia 9.
Ele foi espancado e morto às 14h
de ontem no pátio do pavilhão 2,
após os detentos descobrirem que
ele fazia parte do CDL (Comando
Democrático de Liberdade).
A morte de Japonês teria sido
uma resposta ao assassinato de
Valderez José da Silva, último líder do PCC (Primeiro Comando
da Capital) na Casa de Detenção.
Ele foi assassinado por 40 homens
do CDL, no último domingo, dentro do pavilhão 9.
Na semana passada, o CDL havia enviado uma mensagem escrita à direção do presídio de Presidente Venceslau, com ameaças de
morte aos comandantes do PCC.
Os líderes da facção criminosa
responderam que, para cada
membro seu que fosse morto, três
do CDL seriam assassinados.
No início da semana, os faxinas
da Penitenciária do Estado ameaçaram paralisar os serviços para
forçar a secretaria administrativa
a mandar de volta os 30 integrantes do CDL que chegaram de Presidente Venceslau e Avaré (268
km de São Paulo). "Estamos dormindo com o inimigo. Fico noites
sem dormir, porque eles agem na
traição", disse M., simpatizante
do PCC, que cumpre pena de 6
anos por assalto no pavilhão 2.
A direção do presídio tentou esconder o crime, mesmo depois de
ele ter sido confirmado pela Secretaria da Administração Penitenciária. "Quem disse isso? Aqui
não houve morte nenhuma", disse um dos diretores do Carandiru.
Para os advogados do PCC, o
CDL não tem condições de disputar o poder no complexo. Além de
poucos integrantes, o grupo não
tem dinheiro para corromper
funcionários e facilitar o crime
dentro do sistema carcerário.
Segundo o desembargador Renato Laércio Talli, ex-corregedor
dos presídios, o PCC movimenta
em média R$ 50 mil mensais com
o tráfico de drogas -principal
fonte de renda do grupo.
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