São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2001

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VIOLÊNCIA

Preso que seria ligado à facção criminosa CDL teria sido assassinado para vingar a morte de um dos líderes do PCC

Detento é linchado por 30 no Carandiru

RITA MAGALHÃES E MARCO DE CASTRO
DO "AGORA SÃO PAULO"

Uma disputa de detentos pelo domínio do Complexo do Carandiru (zona norte) terminou com a morte de Carlos Roberto da Silva, o Japonês. Ele foi linchado por cerca de 30 presos ontem à tarde no pátio do pavilhão 2 e morreu de traumatismo craniano.
A vítima cumpria pena na Penitenciária de Presidente Venceslau (635 km de São Paulo), mas foi levado para a Penitenciária do Estado no último dia 9.
Ele foi espancado e morto às 14h de ontem no pátio do pavilhão 2, após os detentos descobrirem que ele fazia parte do CDL (Comando Democrático de Liberdade).
A morte de Japonês teria sido uma resposta ao assassinato de Valderez José da Silva, último líder do PCC (Primeiro Comando da Capital) na Casa de Detenção. Ele foi assassinado por 40 homens do CDL, no último domingo, dentro do pavilhão 9.
Na semana passada, o CDL havia enviado uma mensagem escrita à direção do presídio de Presidente Venceslau, com ameaças de morte aos comandantes do PCC.
Os líderes da facção criminosa responderam que, para cada membro seu que fosse morto, três do CDL seriam assassinados.
No início da semana, os faxinas da Penitenciária do Estado ameaçaram paralisar os serviços para forçar a secretaria administrativa a mandar de volta os 30 integrantes do CDL que chegaram de Presidente Venceslau e Avaré (268 km de São Paulo). "Estamos dormindo com o inimigo. Fico noites sem dormir, porque eles agem na traição", disse M., simpatizante do PCC, que cumpre pena de 6 anos por assalto no pavilhão 2.
A direção do presídio tentou esconder o crime, mesmo depois de ele ter sido confirmado pela Secretaria da Administração Penitenciária. "Quem disse isso? Aqui não houve morte nenhuma", disse um dos diretores do Carandiru.
Para os advogados do PCC, o CDL não tem condições de disputar o poder no complexo. Além de poucos integrantes, o grupo não tem dinheiro para corromper funcionários e facilitar o crime dentro do sistema carcerário.
Segundo o desembargador Renato Laércio Talli, ex-corregedor dos presídios, o PCC movimenta em média R$ 50 mil mensais com o tráfico de drogas -principal fonte de renda do grupo.


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