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SISTEMA PRISIONAL
Reivindicação inclui fim do Regime Disciplinar Diferenciado; Alckmin vê motivação política para motins
PCC faz exigências e ameaça mais rebeliões
DA REPORTAGEM LOCAL
Detentos liderados pelo PCC
(Primeiro Comando da Capital)
ameaçam continuar a série de rebeliões em São Paulo se o governo
não aceitar a pauta de reivindicações, que inclui o fim do RDD
(Regime Disciplinar Diferenciado) e a flexibilização de outras regras de disciplina, segundo advogados de líderes da facção criminosa, familiares de presos e funcionários ouvidos pela Folha.
Ontem, o governador Geraldo
Alckmin, virtual candidato à Presidência da República pelo PSDB,
disse que suspeita que as rebeliões
em série tenham motivação política. Pela primeira vez, a Secretaria da Administração Penitenciária admitiu que os presos apresentaram reivindicações, mas minimizou a pauta. Disse apenas
que os presos querem a mudança
do uniforme -de amarelo para o
antigo, de cor bege- e o aumento
do número de visitantes.
A pauta dos presos traz, no entanto, itens mais polêmicos. Um
deles é o fim do RDD -regime
mais rígido que prevê celas isoladas, monitoramento por câmera e
duas horas diárias de sol.
Segundo advogados de líderes
da facção, os presos também reivindicam o fim da superlotação, a
transferência de detentos condenados de CDPs (Centros de Detenção Provisória) para penitenciárias -que têm melhor infra-estrutura-, o melhor tratamento
às visitas, que seriam humilhadas
nas revistas, e o veto à entrada da
Tropa de Choque da PM para
conter problemas nas unidades.
Foi por causa disso que a invasão pela PM da penitenciária de
Iperó (120 km de SP) para conter
um motim, no começo da semana
passada, gerou uma reação em série dos presos em quatro outras
unidades do Estado. Os detentos
queriam que o governo negociasse o fim da revolta.
Ontem, rebeliões nos CDPs de
Pinheiros, na capital, Osasco e
Diadema -na Grande SP- , iniciadas na segunda-feira, foram
encerradas pelos presos em um
intervalo de 15 minutos entre uma
e outra, mostrando uma ação sincronizada. Uma rebelião no cadeião de Tatuí (137 km de SP)
também foi encerrada à tarde.
Não houve feridos nos motins.
A demonstração de força dos
presos já é responsável pelos piores números do sistema prisional
desde 2001, ano da megarrebelião.
De janeiro até ontem, foram 31 revoltas nas prisões paulistas.
Alckmin afirma que o governo
vai reagir e prepara o isolamento
dos líderes das rebeliões. "É claro
que suspeitamos [de motivação
política]. A dois dias de eu deixar
o governo [para concorrer nas
eleições]. Tivemos dois anos atrás
quase zero de rebelião", afirmou.
Ele, porém, não explicou quem
teria interesse em prejudicá-lo.
O secretário da Administração
Penitenciária, Nagashi Furukawa,
admitiu que as ordens para as rebeliões teriam partido de outros
presídios por meio de celulares.
Segundo ele, os presos querem
mudar a cor do uniforme porque
o cáqui seria de mais fácil reposição pelas famílias. Advogados de
presos da facção afirmam que eles
consideram a cor humilhante.
Colaborou o "Agora"
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