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VIOLÊNCIA
Ataque no Rio de Janeiro deixou mais cinco baleados; após crime, contratados comemoraram a obtenção da vaga
Rapaz é assassinado na fila por emprego
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
A disputa por um emprego em
um supermercado do Rio acabou
ontem em tragédia. Leandro Moreira, 21, foi assassinado com pelo
menos sete tiros por três homens
que passaram de carro em frente
ao estabelecimento, onde cerca de
500 pessoas tentavam uma vaga.
Cinco pessoas foram baleadas e
pelo menos dez ficaram feridas.
Depois do pânico, parte dos desempregados celebrou ao saber
que ganhara o emprego. Quando
o segurança do mercado anunciou que poderiam voltar no dia
seguinte com a identidade, cerca
de 50 pessoas explodiram em comemoração: gritaram, se abraçaram e deram pulos para o ar.
Por volta das 10h, quando uma
multidão esperava em frente ao
depósito da rede, em Realengo
(zona oeste), o motorista de um
Siena parou em frente a Leandro e
o chamou com um assovio. No
carro, roubado horas antes, havia
outros três homens armados.
Quando o rapaz olhou para ele,
o motorista começou a atirar.
Leandro tentou fugir, mas o motorista saiu do carro e continuou
atirando, desta vez a esmo. O pânico tomou conta da multidão,
que correu para todas as direções.
Os criminosos deixaram então
o Siena e roubaram um Fusca e
uma moto. Um suspeito de 19
anos, preso com mais 11 pessoas,
disse, segundo a polícia, que
Leandro integrava facção rival.
A vítima não tinha antecedentes
criminais. Ele estava desde as 4h
na fila por uma vaga de balconista
de laticínio ou de quitanda, açougueiro, carregador ou repositor.
O supermercado costuma oferecer vagas às terças e às quintas.
Ontem, a fila teve mais de 2.000
pessoas, dizem testemunhas. "Eu
já vim umas cinco vezes. Foi horrível o que aconteceu, quando começou o tiroteio me joguei no
chão, mas preciso de emprego",
disse Josué Martins, 29, desempregado há quatro meses. Ele ralou o braço e rasgou a calça.
Josué foi um dos que comemoraram. "Estou feliz, mas não esquecerei a morte desse rapaz, que
também precisava de emprego."
O crime teria sido cometido por
traficantes da favela do Batam, da
facção ADA (Amigo dos Amigos), rivais da facção da favela Vila Aliança, o TCP (Terceiro Comando Puro), onde vivia a vítima.
"Talvez ele seja ex-integrante do
tráfico, mas fizeram essa barbaridade. Se ele estava na fila do emprego, não tem motivo. Foi covardia", disse o coronel Romão Vilaça. Para a polícia, os criminosos
não planejaram o crime, estavam
na iminência de assaltar -já haviam roubado um Gol e o Siena.
Quando se preparavam para outro crime, passaram pelo mercado e reconheceram Leandro.
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