São Paulo, sábado, 29 de março de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Acidente com Kombi da Apae mata 5 na "curva da morte"

Caminhão invadiu a pista contrária na rod. Candido Portinari, em Rifaina (SP)

Choque frontal destruiu Kombi, que transportava alunos da Apae para Franca; motorista do caminhão foi preso por homicídio doloso

MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO

RAQUEL ILIANO
ENVIADA ESPECIAL A RIFAINA

Um caminhão desgovernado invadiu a pista contrária da rodovia Candido Portinari, em Rifaina (464 km de SP), no trecho conhecido como "curva da morte", e atingiu uma Kombi que transportava alunos da Apae. Cinco pessoas, entre elas uma estudante da instituição, morreram e outras duas ficaram gravemente feridas.
Com a gravidade do acidente, na altura do km 459 da rodovia, a Kombi partiu ao meio. O motorista do caminhão foi preso sob a acusação de homicídio doloso (com intenção).
O acidente ocorreu por volta das 6h30 da manhã. O caminhão dirigido por Valmir Borges, que ia para Patos de Minas, estava carregado de pisos e azulejos. Segundo a polícia, o motorista disse que perdeu o controle após ter sido ultrapassado numa curva. Com o peso, o veículo teria ameaçado tombar e, para evitar isso, Borges virou o caminhão para a pista contrária, batendo num barranco e, em seguida, na Kombi que vinha em sentido contrário, no trecho não-privatizado da rodovia, de pista simples.
Nos últimos 15 anos, já morreram em acidentes no mesmo trecho pelo menos 53 pessoas.
A Kombi, dirigida por Laércio Masson Filho, 42, transportava alunos de Rifaina para a Apae de Franca, além de três pessoas que pegavam carona. Morreram o motorista, a mulher dele, Eliane Carmem Pinho Masson, 40, sua sobrinha, Jaqueline Pereira Pinho, 24, o universitário Jean Victor de Lima Cordeiro, 19, e Isabel Cristina dos Santos, 19, da Apae.
Ketima Santana, 13, e Cristiane Helena dos Santos, 18, também alunas da Apae, sofreram ferimentos graves. O motorista do caminhão se feriu levemente, foi levado ao hospital e, ao sair, foi preso. Ele não quis dar entrevistas.
"Um motorista que segue na contramão em uma rodovia desconfia que algo errado pode acontecer e, por isso, assume o seu risco e a responsabilidade do que ocorrer", disse o delegado de Pedregulho, Fábio José Branquinho Pereira.
O motorista passou por exame toxicológico, cujo resultado deve sair em 30 dias. As alunas seguiam internadas em estado grave, em Franca, até a conclusão desta edição "Minha filha viaja há quatro anos e nunca pensei que isso pudesse acontecer", afirmou Euripa Adriana Santana, 37, mãe de Ketima.
O acidente interditou a pista por cerca de quatro horas, tempo necessário para a retirada dos veículos. Quando policiais e bombeiros desviaram o caminhão, o veículo perdeu o controle e atingiu um carro da PM.
Jaqueline, uma das vítimas, era professora de educação física e iria ficar noiva hoje. Ela pegou carona para comprar roupa para a festa. Segundo a tia da vítima, Ilda Pinho, 50, ela esperava ansiosa pelo noivado. "Nem dá para explicar a sensação que tenho quando penso que três pessoas da nossa família morreram", afirmou.
O DER (Departamento de Estradas de Rodagem), por meio de sua assessoria, informou que um estudo indicará o que deve ser feito para resolver o problema no trecho. "Pedimos pelo menos dez vezes a duplicação até Rifaina. É a segunda tragédia de grandes dimensões no mesmo local", diz o diretor administrativo da Prefeitura de Pedregulho, Abib Naufil Abib.


Texto Anterior: Há 50 Anos
Próximo Texto: Sem dar prazo, DER diz que vai resolver curva
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.