São Paulo, sábado, 29 de março de 2008

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PM quer controle de todos os tiros dados pela corporação

Objetivo do coronel Daniel Barbosa Rodrigueiro é baixar a letalidade policial

De acordo com relatórios mensais da Corregedoria da corporação sobre letalidade, policiais mataram 1.485 pessoas em três anos

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Recém-empossado "vice-presidente" da Polícia Militar de São Paulo, o coronel Daniel Barbosa Rodrigueiro, 54, tem como meta mais imediata de sua administração à frente da tropa implementar um rigoroso controle diário sobre todos os tiros efetuados pelos PMs que atuam nos 645 municípios do Estado. A intenção dele é baixar a letalidade dos PMs.
Nos últimos três anos (2005 a 2007), policiais militares de São Paulo, segundo relatórios mensais da corregedoria da corporação sobre a letalidade policial, mataram 1.485 pessoas. Média de 1,3 homicídio doloso (intencional) cometidos por PMs -em horário de trabalho ou de folga, com a arma da corporação ou não- a cada dia.
Segundo Rodrigueiro, que assumiu os postos de chefe do Estado Maior da Polícia Militar e de subcomandante da tropa, a implementação do controle diário dos tiros dados pelos PMs servirá para tentar transformar a PM paulista "numa polícia com mais qualidade".

Gestão de qualidade
"Uma polícia democrática sabe quantos tiros os seus policiais dão, por exemplo, num turno de 24 horas de serviço. Isso é gestão de qualidade. Toda polícia de país desenvolvido tem esse controle", disse.
"Esse controle serve para você, perante os organismos internacionais de direitos humanos, ter uma confiabilidade ainda maior na polícia, toda a sociedade. A arma de fogo é letal e você tem que ter um controle rígido sobre isso", continuou o coronel Rodrigueiro.
Atualmente, a PM de São Paulo tem cerca de 93 mil policiais na ativa, o que a transforma no terceiro maior grupo armado da América do Sul, segundo Rodrigueiro, e o comando da tropa ainda não sabe exatamente como esses policiais usam a força letal no dia-a-dia.
"A nossa polícia de São Paulo é uma das melhores do mundo", disse Rodrigueiro, que não quis responder se os 1.485 homicídios cometidos por PMs, entre 2005 e 2007, são um número assustador ou não. "Isso [o total de mortos] é conseqüência do confronto entre policiais e criminosos", disse.
"Temos preocupação especial com a letalidade policial, pois a missão do policial militar é prender o infrator e entregá-lo para a Justiça -e entregar vivo. Estamos preocupados em também implementar métodos não-letais na ação do policiamento ostensivo", disse.


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