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Ato na praça da Sé hoje intensifica ofensiva antiaborto
Evento será às 10h; a Câmara dos Deputados quer colocar em pauta projeto de legalização do aborto a partir de abril
A manifestação é mais um capítulo às investidas da Igreja Católica contra o projeto de lei que tramita há 16 anos no Congresso
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um ato na praça da Sé, no
centro de São Paulo, deve intensificar a ofensiva contra a
descriminalização do aborto a
partir de hoje. A Câmara dos
Deputados promete colocar em
pauta projeto de legalização do
aborto a partir de abril.
O evento na Sé, que acontece
hoje, às 10h, é organizado pelo
Movimento Nacional em Defesa da Vida, que se diz "suprapartidário e supra-religioso",
embora reúna majoritariamente grupos católicos.
A manifestação é mais um capítulo às investidas da Igreja
Católica contra o projeto de lei
que tramita há 16 anos no Congresso. Desde o dia 10 de fevereiro, por exemplo, fetos de resina e vídeos com cenas de
aborto estão sendo exibidos em
missas e palestras no Rio. O
combate ao aborto é tema da
campanha da fraternidade deste ano da CNBB (Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil).
O lema é "Escolhe, pois, a vida".
Segundo a advogada Marília
de Castro, coordenadora estadual do movimento em defesa
da vida, o ato não tem participação direta da Igreja Católica.
"É supra-religioso, reúne juristas, cientistas, professores e cidadãos que representam a sociedade civil e que lutam pelo
direito à vida plena desde a fecundação. É uma forma de dar
voz a quem não tem como se
manifestar", afirma ela.
Ela diz que o ato também objetiva demonstrar aos deputados federais que a maioria da
população é contrária à descriminalização do aborto.
O projeto de lei 1.135/91 prevê a descriminalização do aborto, mas depende de regulamentação. Um documento elaborado por uma comissão tripartite,
com apoio do Ministério da
Saúde, limita a prática até a 12ª
semana de gestação. Hoje, o
aborto é crime com pena de um
a três anos de prisão.
O novo presidente da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara, Jofran Frejat,
afirma que não vai mais protelar a votação do projeto de lei,
que tramita há 16 anos na casa.
O relator do projeto, Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP) deu
parecer contrário à legalização.
Representantes dos movimentos de mulheres têm se
reunido com os parlamentares
que compõem a comissão e
mostrando, por meio de documentos, que o aborto é uma
questão de saúde pública. Estima-se que mais de um milhão
de abortos clandestinos sejam
feitos a cada ano no país.
Segundo Dulce Xavier, do
grupo Católicas pelo Direito de
Decidir e das Jornadas pelo Direito ao Aborto Seguro, a expectativa é que Frejat -que é
médico e ex-secretário da Saúde do Distrito Federal- despolarize a discussão e abra espaço
que outros setores da sociedade, favoráveis à descriminalização, se manifestem.
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