|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Plano de saúde deixa garoto de 14 anos passar noite em PS
DENISE MENCHEN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO
Com o diagnóstico de dengue
e a carteirinha do plano de saúde do bolso, Renan José Martins de Azevedo, 14, passou a
noite de quinta para sexta-feira
na enfermaria de um posto assistência médica, no Rio, por
não conseguir a transferência
para a rede privada.
"Ligamos para vários hospitais conveniados e todos diziam
que não tinham vagas", diz o tio
do estudante, Marcelo Dias.
"Pensamos até em fazer um
B.O. [boletim de ocorrência] na
delegacia para ver se assim o
plano nos atenderia."
Na tarde de ontem, o menino
foi transferido para o hospital
Antônio Paulino Pronil, em Nilópolis (Baixada Fluminense).
Mas os parentes de Renan reclamam da forma como o caso
foi conduzido. Ao ligar para a
Medial Saúde, ouviram que a
responsabilidade por achar a
vaga não era do plano. "Disseram que só dariam o transporte
até o hospital", conta a mãe de
Renan, Maria Laura Martins.
Segundo ela, o menino começou a apresentar os sintomas
da doença no início da semana.
Preocupada, ela procurou o
hospital Pronto Baby, na Tijuca, onde Renan foi diagnosticado com problemas de garganta.
"Eles nem pediram um hemograma, apesar da epidemia de
dengue na cidade", diz.
Na terça-feira o quadro se
agravou e ela resolveu procurar
o posto de Del Castilho, zona
norte, onde a doença foi identificada. Nos dias seguintes, Renan voltou diversas vezes ao local para ser hidratado. Na manhã de quinta, quando o hemograma acusou nível baixo de
plaquetas, a médica de plantão
recomendou a internação.
Funcionária do posto, Margarida Maria de Albuquerque
tentou ajudar a família a achar
uma vaga na rede conveniada
pela Medial Saúde. Ela diz ter
ligado para nove hospitais da
região. Em todos, a resposta foi
que não havia vagas.
"Passamos o dia, a noite e a
madrugada tentando achar
uma vaga", conta Maria Laura.
Segundo ela, apesar de ter direito a um quarto privativo pelo
plano de saúde, Renan teve que
ficar no posto, onde a superlotação obrigou a administração
a abrir duas novas salas para receber pacientes com dengue.
Daniela Trettel, do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor), diz que a família
pode ir à Justiça exigir reparação por danos morais, pois os
planos são obrigados a garantir
atendimento. "O convênio disponibiliza uma rede para que o
cliente possa ter opções. Se não
há vagas na rede, ele tem que
arranjar vaga em outro lugar."
Procurada, a Medial Saúde
disse que "foram realizados todos os esforços necessários e o
atendimento foi adequadamente conduzido; o paciente
foi transferido para um hospital indicado pelo plano".
Texto Anterior: Pó para prevenir dengue intoxica 75 no Rio Próximo Texto: Rede privada notificará casos de dengue on-line Índice
|