São Paulo, sábado, 29 de março de 2008

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Plano de saúde deixa garoto de 14 anos passar noite em PS

DENISE MENCHEN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO

Com o diagnóstico de dengue e a carteirinha do plano de saúde do bolso, Renan José Martins de Azevedo, 14, passou a noite de quinta para sexta-feira na enfermaria de um posto assistência médica, no Rio, por não conseguir a transferência para a rede privada.
"Ligamos para vários hospitais conveniados e todos diziam que não tinham vagas", diz o tio do estudante, Marcelo Dias. "Pensamos até em fazer um B.O. [boletim de ocorrência] na delegacia para ver se assim o plano nos atenderia."
Na tarde de ontem, o menino foi transferido para o hospital Antônio Paulino Pronil, em Nilópolis (Baixada Fluminense). Mas os parentes de Renan reclamam da forma como o caso foi conduzido. Ao ligar para a Medial Saúde, ouviram que a responsabilidade por achar a vaga não era do plano. "Disseram que só dariam o transporte até o hospital", conta a mãe de Renan, Maria Laura Martins.
Segundo ela, o menino começou a apresentar os sintomas da doença no início da semana. Preocupada, ela procurou o hospital Pronto Baby, na Tijuca, onde Renan foi diagnosticado com problemas de garganta. "Eles nem pediram um hemograma, apesar da epidemia de dengue na cidade", diz.
Na terça-feira o quadro se agravou e ela resolveu procurar o posto de Del Castilho, zona norte, onde a doença foi identificada. Nos dias seguintes, Renan voltou diversas vezes ao local para ser hidratado. Na manhã de quinta, quando o hemograma acusou nível baixo de plaquetas, a médica de plantão recomendou a internação.
Funcionária do posto, Margarida Maria de Albuquerque tentou ajudar a família a achar uma vaga na rede conveniada pela Medial Saúde. Ela diz ter ligado para nove hospitais da região. Em todos, a resposta foi que não havia vagas.
"Passamos o dia, a noite e a madrugada tentando achar uma vaga", conta Maria Laura. Segundo ela, apesar de ter direito a um quarto privativo pelo plano de saúde, Renan teve que ficar no posto, onde a superlotação obrigou a administração a abrir duas novas salas para receber pacientes com dengue.
Daniela Trettel, do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), diz que a família pode ir à Justiça exigir reparação por danos morais, pois os planos são obrigados a garantir atendimento. "O convênio disponibiliza uma rede para que o cliente possa ter opções. Se não há vagas na rede, ele tem que arranjar vaga em outro lugar."
Procurada, a Medial Saúde disse que "foram realizados todos os esforços necessários e o atendimento foi adequadamente conduzido; o paciente foi transferido para um hospital indicado pelo plano".


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