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60% das escolas do Estado precisam de reforma, diz governo
Levantamento da gestão Serra indica que os principais problemas estão nas redes elétrica e hidráulica e nos telhados
Valor estimado para as obras é de R$ 4,5 bilhões; governo diz ter R$ 1,7 bilhão e pediu que o MEC faça
uma complementação
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um levantamento realizado
pelo próprio governo estadual
de São Paulo, apresentado ontem, mostrou que cerca de 60%
das escolas que integram a rede
precisam de reforma -principalmente nas partes elétrica,
hidráulica e de telhado.
A divulgação dos dados foi
feita durante a cerimônia que
marcou a adesão do Estado ao
Plano de Desenvolvimento da
Educação, do governo federal
(leia texto nesta pág.).
O estudo mostra ser necessário investir R$ 4,5 bilhões nas
obras, valor equivalente aos orçamentos da USP, Unesp e Unicamp deste ano.
O governo José Serra (PSDB)
diz que dispõe de apenas R$ 1,7
bilhão, a ser aplicado até 2010, e
solicitou que o MEC faça uma
complementação.
Segundo a secretária estadual da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, o levantamento apontou ser necessária "uma completa mudança na rede hidráulica, elétrica e dos telhados" em cerca
de 60% das 5.537 unidades em
todo o Estado (ou seja, aproximadamente 3.300 colégios).
Ela afirmou também que, em
alguns casos, são necessárias
obras mais estruturais, que exigirão a transferência dos alunos para outro prédio.
Em uma terceira frente, diz,
há a necessidade de construção
de escolas para aliviar a superlotação das classes (que atinge
3,6% dos alunos da rede).
A reportagem solicitou à secretaria a lista das unidades
que precisam de reforma, mas a
pasta disse que a informação
ainda não está disponível.
"A infra-estrutura das escolas, de fato, está péssima. Principalmente na periferia, onde
os pais dão graças a Deus só por
ter escola. O governo aproveita
essa falta de pressão", disse o
presidente da Udemo (entidade que reúne os diretores de escolas estaduais), Luiz Gonzaga
de Oliveira Pinto. "Não há um
sistema de manutenção."
"As escolas estão precárias.
Em alguns casos, há até riscos
para alunos e professores", disse o presidente da Apeoesp
(sindicato dos professores),
Carlos Ramiro de Castro.
Em entrevista à Folha em fevereiro, a secretária disse que
os recursos do Estado eram insuficientes, apesar de terem
aumentado na gestão Serra.
Disse ainda: "Houve falhas de
manutenção nas escolas. Esse
foi o legado que recebemos".
A reportagem procurou ontem Gabriel Chalita, que foi secretário de Educação na gestão
Geraldo Alckmin (PSDB), para
comentar as declarações e os
novos dados, mas sua assessoria informou que ele estava em
palestra e não podia atender ao
pedido de entrevista.
Durante a cerimônia, tanto
Serra quanto Maria Helena pediram ao ministro da Educação, Fernando Haddad, que a
União complemente os recursos destinados para a reforma
das escolas paulistas.
Em resposta, Haddad propôs
que Serra convença o PSDB no
Congresso a acabar com projeto de 1994 que permite transferir para outras áreas parte das
verbas vinculadas à educação.
O projeto, criado na gestão
de Fernando Henrique Cardoso, "já tirou quase R$ 100 bilhões do orçamento do ministério", afirma Haddad.
Serra disse que, apesar de a
questão "ser mais federal",
aceitaria o pedido.
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