São Paulo, sábado, 29 de março de 2008

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WALTER HOFFMANN

A história de luta do reitor campineiro

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em cada um dos discursos que escrevia para as 29 formaturas que presidia todos os anos em Campinas, o professor e reitor Walter Hoffmann pinçava, das histórias da própria vida, as pitadas pedagógicas de sofrimento.
Tinha seis anos quando contraiu uma infecção no joelho que foi quase fatal e lhe tirou 25 cm do osso -usou bota especial durante anos. Difícil foi para os pais, um ferroviário e uma costureira, pagarem o tratamento, como a faculdade, de direito, que o filho queria fazer.
Deu aulas, fez bicos como radialista e ganhou uma bolsa na PUC. Assim se formou advogado na primeira turma do curso de direito e foi lecionar. Chegou a vice-diretor na faculdade. Foi então convidado para dirigir o Centro Regional e Universitário de Espírito Santo do Pinhal (SP). E foi procurador da Câmara de Campinas, até ser nomeado reitor.
A voz empostada que lhe garantira emprego no rádio dava gravidade aos discursos que fazia como reitor. "Tinha o dom da oratória", diz a mulher, que Hoffmann conheceu quando era sua aluna -nos tempos em que foi eleito o professor mais chique da PUC. Não saía com um amassado na gravata.
Até que o joelho voltou a incomodar. Os jogos do Ponte Preta, time do coração, ele acompanhava de casa pela TV, com dois rádios grudados ao ouvido. Mas continuava indo à faculdade de cadeira de rodas. Tinha quatro filhos e oito netos. Morreu por complicações da cirurgia no joelho, segunda, aos 75.


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