|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
WALTER HOFFMANN
A história de luta do reitor campineiro
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em cada um dos discursos
que escrevia para as 29 formaturas que presidia todos
os anos em Campinas, o professor e reitor Walter Hoffmann pinçava, das histórias
da própria vida, as pitadas
pedagógicas de sofrimento.
Tinha seis anos quando
contraiu uma infecção no
joelho que foi quase fatal e
lhe tirou 25 cm do osso
-usou bota especial durante
anos. Difícil foi para os pais,
um ferroviário e uma costureira, pagarem o tratamento,
como a faculdade, de direito,
que o filho queria fazer.
Deu aulas, fez bicos como
radialista e ganhou uma bolsa na PUC. Assim se formou
advogado na primeira turma
do curso de direito e foi lecionar. Chegou a vice-diretor na
faculdade. Foi então convidado para dirigir o Centro
Regional e Universitário de
Espírito Santo do Pinhal
(SP). E foi procurador da Câmara de Campinas, até ser
nomeado reitor.
A voz empostada que lhe
garantira emprego no rádio
dava gravidade aos discursos
que fazia como reitor. "Tinha
o dom da oratória", diz a mulher, que Hoffmann conheceu quando era sua aluna
-nos tempos em que foi eleito o professor mais chique da
PUC. Não saía com um
amassado na gravata.
Até que o joelho voltou a
incomodar. Os jogos do Ponte Preta, time do coração, ele
acompanhava de casa pela
TV, com dois rádios grudados ao ouvido. Mas continuava indo à faculdade de cadeira de rodas. Tinha quatro filhos e oito netos. Morreu por
complicações da cirurgia no
joelho, segunda, aos 75.
obituario@folhasp.com.br
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Para juiz, "Tapinha" descreve humilhação contra a mulher Índice
|