São Paulo, domingo, 29 de março de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cliente pede helicóptero para levar as compras de shopping

DA REPORTAGEM LOCAL

No "concièrge" do shopping Iguatemi, aquele balcão encarregado de fazer o impossível para conseguir as regalias pedidas por clientes, o hoteleiro Bruno Ferreira, contratado em novembro passado para a função, teve de se virar em dois para conseguir um voo de helicóptero para dali a duas horas.
"Ele precisava de uma aeronave para depois das compras e fizemos de tudo para providenciar. Faço o trabalho tradicional que há nos hotéis. Sou responsável por trazer o atendimento hoteleiro para o "concièrge" do shopping", diz.
Entre outros serviços, Ferreira teve de encontrar um professor de esgrima para um turista que queria fazer aulas enquanto estava em São Paulo e conseguiu passagens de avião num voo lotado para a mesma noite. Com ele, trabalham outros dois colegas vindo de hotéis cinco estrelas.
Frescura? "Não, conforto", explica Ferreira. No final do ano passado, o Iguatemi investiu R$ 1,5 milhão no novo "concièrge" de 130 m2, que oferece serviços para clientes VIPs, como carregadores de sacolas, guarda-volumes para compras, informações sobre a programação cultural da cidade, fraldário para bebês nascidos em berço esplêndido, caixas para presentes e até uma "personal shopper", a especialista em moda que dá conselhos para renovar o guarda-roupa. Todas mordomias trazidas dos hotéis.
Num segmento diferente, mas com a mesma expertise hoteleira, Camilla Barretto, gerente-geral do supermercado St Marché, dono do Empório Santa Maria, teve de descer à padaria para conseguir um punhado de fermento, que estava em falta nas prateleiras.
"Peguei um pouco e dei ao cliente, sem cobrar nada. Ele não tem nada a ver com meu problema com o fornecedor", afirma Camilla, ex-Emiliano.
Num lugar menos provável ainda, o leito de um hospital, os paparicos são iguais, ou maiores. O quarto tem tudo para lembrar um hotel: TV a cabo em aparelhos de plasma, internet sem fio e até cofre, para que os pacientes ricos guardem joias e objetos de valor.
É assim no Einstein, onde até os aparelhos médicos ficam escondidos ou são disfarçados para que o ambiente tenha um aspecto de hotel.
"Sempre temos de dizer sim e atender os pedidos. Já pediram um binóculo para assistir, da janela do hospital, a um show no Morumbi", diz a líder de governança Marina Belini Bronchtein.
No Sírio-Libanês, outro hospital de alto padrão, uma paciente pediu, antes de ir à mesa de cirurgia, que, quando voltasse, os lençóis (de fios egípcios, garantem) do quarto estivessem mornos. E não é que o pedido da "hóspede" foi atendido.
"Hoje a hotelaria hospitalar é bem próxima da hotelaria de um hotel. Um paciente gostou tanto da arrumação dos lençóis que pediu para gravar e ensinar às empregadas em casa", afirma a supervisora de hospedagem do Sírio, Iramaia Nunes.


Texto Anterior: Setor de serviços se espelha em hotéis
Próximo Texto: Pesquisa revela que só 24% vão parar em hotéis
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.