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RIO
Novo secretário de Segurança Pública considera policiais muito violentos e promete investimento em tecnologia para a área
Garotinho afirma que sua polícia está despreparada
ANTÔNIO GOIS
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Anthony Garotinho, 43, assumiu ontem o cargo de secretário
de Segurança Pública do Estado
do Rio com uma avaliação crítica
da qualidade profissional dos cerca de 45 mil policiais militares e
civis sob seu comando. Para ele,
os policiais são despreparados,
violentos e ignoram as inovações
tecnológicas do setor.
A análise sobre os policiais fluminenses foi desenvolvida anteontem em reunião entre Garotinho, a governadora Rosinha Matheus (PSB), o superintendente da
PF (Polícia Federal) no Rio, Marcelo Itagiba, o comandante da PM
(Polícia Militar), coronel Renato
Hottz, e o chefe de Polícia Civil,
delegado Álvaro Lins.
Ao tomar posse, em solenidade
na sede do comando da PM, evitou, ao discursar, dirigir críticas
aos policiais. Procurou até agradá-los, anunciando a futura organização de um serviço de assistência às famílias de policiais vitimados por "alguma fatalidade".
Mais tarde, em entrevista, o novo secretário mudou o tom empregado até então e traçou um
quadro bastante desfavorável à
qualidade do policial a serviço da
população do Estado do Rio.
"O policial tem um despreparo
generalizado. A polícia [do Rio" se
tornou muito violenta. Há baixa
tecnologia, baixo investimento
tecnológico", criticou Garotinho,
que governou o Estado de janeiro
de 1999 a abril do ano passado.
Para ele, o policial que participa
de operações em comunidades
carentes deve agir sem violência.
"O policial tem que entrar [nos locais onde são realizadas as ações"
de forma preparada, qualificada."
Garotinho quer que os presos
trabalhem nos presídios, costurando fardas para PMs e construindo casas populares.
Cadeia e tijolos
Segundo ele, já é possível, dentro da cadeia, fabricar tijolos pré-moldados para a construção de
casas. A idéia é que uma empresa
pague os detentos pelo trabalho,
com uma parte do salário sendo
destinada às famílias das vítimas.
O novo secretário também
anunciou que ontem à noite seriam realizadas 81 blitze pela PM.
Equipes da corporação em toda a
região metropolitana fiscalizariam carros. Os motoristas receberiam panfletos intitulados "Segurança e Paz", nos quais se pedem a ajuda da população no
combate ao crime.
Afirmou que a polícia ganhará
mais cinco helicópteros (são três
hoje), equipados "com câmeras
de alta precisão". Os aparelhos
patrulharão os bairros violentos
da região metropolitana. Segundo
Garotinho, ele e a governadora
poderão acompanhar as imagens
em tempo real de seus gabinetes.
Quando questionado sobre o
custo dos projetos, Garotinho só
disse que haverá recursos. "A governadora não vai fazer a covardia de me colocar na secretaria e
me deixar sem dinheiro."
No discurso, voltou a dizer que
estabelecerá metas para os policiais que ocuparem cargos diretivos. O chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, e o comandante da PM
(Polícia Militar), Renato Hottz,
permanecerão nos cargos por
mais 60 dias. Ao fim do prazo, serão avaliados. Se as metas de redução de violência forem atingidas, continuarão nos cargos.
Gafe
Na entrevista coletiva que concedeu após a posse, Garotinho cometeu uma gafe que coloca lenha
na fogueira dos que afirmam que
quem governa de fato o Estado é
ele, e não sua mulher.
Ao definir a função de Marcelo
Itagiba, superintendente da PF
(Polícia Federal) no Rio e futuro
subsecretário de Segurança, Garotinho disse que Itagiba substituirá o "governador" quando for
necessário.
Ao perceber a gafe, Garotinho
riu. Mais tarde, apresentou uma
justificativa. Quando um jornalista o chamou de governador, ele
afirmou que não se trata de um
erro, já que é praxe chamar uma
autoridade pelo cargo mais importante que ela tenha ocupado.
Bombas
Na noite de ontem, duas bombas de fabricação caseira foram
encontradas no jardim da concessionária Audi, que funciona ao lado do shopping center Rio Off
Price e da sede do Botafogo de Futebol e Regatas (zona sul do Rio).
Os artefatos estavam dentro de
sacos plásticos e foram achados
por um faxineiro. Sem saber o que
havia dentro das bolsas, atirou
uma no chão, provocando a explosão. Ele sofreu escoriações leves nas pernas e nos braços, mas
não chegou a ser hospitalizado.
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