São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2005

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TRANSPORTE

Paralisação afetou 500 mil pessoas e teve articulação do sindicalista Edivaldo Santiago

Serra enfrenta 1ª greve de ônibus; motoristas ameaçam parar de novo

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
No terminal Santo Amaro (zona sul), passageiros se aglomeram para embarcar em ônibus por volta das 6h


ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

A cidade de São Paulo teve ontem a primeira greve geral de ônibus -em todas as regiões- da gestão José Serra (PSDB), a principal mobilização dos condutores em dois anos e a volta do líder Edivaldo Santiago na articulação da categoria. Santiago, que foi a pedra no sapato dos governos petistas de Luiza Erundina e Marta Suplicy, estava oficialmente afastado desde maio de 2003.
A paralisação foi feita entre 0h e 6h -em alguns pontos, os serviços só foram normalizados meia hora depois-, como alerta para as reivindicações de reajuste salarial. Foi tempo suficiente para prejudicar 500 mil usuários, causando filas e superlotação de manhã (às 19h, houve 185 km de congestionamento, recorde de 2005).
Das 20 empresas de ônibus, só na Santa Brígida e na Himalaia alguns veículos operaram.
Os condutores decidem hoje se farão uma greve de 24 horas na próxima segunda. Em quase dois anos, eles só tinham feito mobilizações parciais em algumas garagens, como a de janeiro último, quando um dos oito consórcios parou devido a atrasos salariais.
"Nós estamos muito preocupados e indignados porque se trata de uma chantagem com a população de São Paulo. Eu disse que nós não vamos aumentar a tarifa porque, no fundo, por trás de um movimento desses, tem a idéia de aumentar a tarifa ou então de a prefeitura retirar dinheiro da educação ou da saúde para dar para os empresários", afirmou Serra.
Os condutores querem 7,71% de reposição e 5,8% de aumento real menos de dois meses após a passagem saltar de R$ 1,70 para R$ 2.
A presença de Santiago na articulação sinaliza a tendência de radicalização do sindicato que, sob seu comando, fez 178 paralisações parciais ou gerais em dois anos e quatro meses da gestão Marta.
Em maio de 2003, ele e outros sindicalistas foram presos pela Polícia Federal sob a acusação de forjar greves com empresários para pressionar a prefeitura a conceder subsídios e elevar a passagem. Santiago foi libertado em outubro. O caso ainda não foi julgado.
A atuação do sindicalista se dá hoje sem cargo oficial. Ele já atua como representante do sindicato nas discussões com a prefeitura, como na reunião com Frederico Bussinger, secretário dos Transportes, na semana passada.
Ontem, Santiago tentava barrar um foco de resistência de adesão à greve. Passou a madrugada na garagem da Santa Brígida, mas não conseguiu evitar que alguns ônibus saíssem -embora tenha havido clima de tensão, com motoristas se dizendo ameaçados e pedindo a presença da PM.


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