São Paulo, quarta-feira, 29 de abril de 2009 |
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Após 11 anos, Kassab desiste do Fura-Fila
Obra lançada por Pitta como corredor exclusivo para ônibus dará lugar a um metrô leve, de superfície, a ser operado pelo Metrô
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO EVANDRO SPINELLI DA REPORTAGEM LOCAL Após 11 anos, cerca de R$ 950 milhões investidos e só um terço dos 33 km previstos entregues, o antigo Fura-Fila, hoje Expresso Tiradentes, deixará de ser um corredor exclusivo para ônibus e dará lugar a um metrô leve (tipo de metrô de superfície), operado pelo Metrô, nos 22,3 km que faltam. A obra passará, assim, das mãos da Prefeitura de São Paulo para as do governo estadual. O metrô leve (VLT, Veículo Leve sobre Trilhos) será construído no trecho a partir da Vila Prudente, bairro da zona leste. A mudança da concepção do projeto, que ligará o centro à Cidade Tiradentes, no extremo leste, enterra a ideia do Fura-Fila como corredor exclusivo de ônibus, como foi gestado no governo Celso Pitta (1997-2000), do qual o hoje prefeito Gilberto Kassab (DEM) era secretário de Planejamento. As alterações foram anunciadas ontem por Kassab e pelo governador José Serra (PSDB). Serra e o prefeito relacionaram uma lista do que consideram vantagens do metrô leve sobre o corredor de ônibus. Uma das principais, segundo eles, é que com o mesmo valor da tarifa do metrô o passageiro poderá tomar o VLT em Cidade Tiradentes e chegar ao centro em 50 minutos, contra duas horas no corredor. Hoje, essa viagem chega a três horas e meia. Serra disse que os corredores não funcionam de forma adequada pois cruzam com outras vias, o que torna os ônibus mais lentos. Até Cidade Tiradentes, pelo projeto antigo, o Fura-Fila cruzaria mais de 25 semáforos. Já o metrô leve circulará em vias elevadas, com paradas a cada quilômetro e uma estação de integração ônibus-metrô-veículo leve na Vila Prudente. Serra afirmou que, quando assumiu o cargo de prefeito, em 2005, "herdou" o Fura-Fila. Sua antecessora, Marta Suplicy, não havia concluído as obras. A gestão petista (2001-2004) chegou a rebatizar o projeto: chamava-o de Paulistão. "Havia [a ideia] apenas de concluir aquele maldito Fura-Fila. O grande problema dos corredores de ônibus é que não são corredores, são "vagadores'", afirmou o governador. Segundo convênio a ser assinado por Serra e Kassab, Estado e prefeitura vão dividir os custos, estimados em R$ 2,3 bilhões. O prefeito vai repassar para o novo Expresso Tiradentes o R$ 1 bilhão que prometeu investir no Metrô durante este mandato, que acaba em 2012. Já a verba (entre R$ 400 milhões e R$ 600 milhões) que seria destinada ao Expresso Tiradentes será investida no corredor Celso Garcia e em outro corredor, possivelmente na zona sul da cidade, segundo o secretário municipal de Transportes, Alexandre de Moraes. A previsão é que o primeiro trecho do novo Expresso Tiradentes, entre Vila Prudente e São Mateus, de 12,8 km, fique pronto até o final de 2010. O trecho seguinte, até Cidade Tiradentes, terminará, afirmou o prefeito, em 2012, último ano de sua gestão em São Paulo. A adoção do novo modelo vai resultar também no abandono do projeto de construção do ramal Oratório da linha 2 do Metrô, de 2,1 km, que, segundo Serra, teria um traçado igual ao do Expresso Tiradentes. Próximo Texto: Projeto nasceu errado, dizem especialistas Índice |
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