São Paulo, quinta-feira, 29 de abril de 2010

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ANÁLISE

Só multar não garante segurança

JOSÉ BERNARDES FELEX
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Estado de São Paulo investe para ter uma malha de radares que, inclusive, identifique as placas de veículos, contribuindo para localizar carros roubados, placas frias, inadimplentes de impostos etc.
De um lado, o poder público estadual diz que o investimento em radares reduz os acidentes fatais. De outro, os contribuintes acusam o Estado de montar uma indústria de multas. No centro de tudo, a sociedade clama por maior segurança nas suas ruas e rodovias, fato que se dá a partir da melhoria de tudo o que define a movimentação de veículos, reações de motoristas e pedestres. E, nesta hora, muito além da fiscalização sobre os motoristas, estão a formação dos condutores e a melhoria de sua cultura e civilidade ao conduzir veículos.
A questão é: o radar melhora a segurança? Ninguém provou isso. As autoridades se apegam ao apelo da redução de acidentes, que eles (governantes) atribuem ao equipamento de medição de velocidade. O cidadão sente no bolso quando é flagrado por infrações de trânsito.
Mas, logo depois do radar, o motorista acelera mais ainda, e a mente do condutor está pronta para causar novos acidentes.
O radar, só ele, não é suficiente para a redução de acidentes. O investimento na educação de motoristas, sinalização, controle de manutenção de veículos e formação de uma cultura de cortesia e civilidade no trânsito podem ser muito mais eficientes para a melhoria da qualidade da vida de todos os brasileiros. Acontece que isso exige competência das autoridades e capacidade de motivar motoristas a serem civilizados, mas o poder de polícia do Estado não pode ser ausente.
Se o radar chegou, gritemos para que chegue mais investimentos em educação para o trânsito, motivação para a segurança, cidadania e civilidade. Que as vias estejam cada vez mais seguras, e a presença do poder público se aproxime do carinho de um pai ou mãe, para proteger a vida de motoristas, passageiros e pedestres.


JOSÉ BERNARDES FELEX, engenheiro de transportes, é professor titular aposentado da USP São Carlos e consultor


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