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ANÁLISE
Só multar não garante segurança
JOSÉ BERNARDES FELEX
ESPECIAL PARA A FOLHA
O Estado de São Paulo investe para ter uma malha de radares que, inclusive, identifique
as placas de veículos, contribuindo para localizar carros
roubados, placas frias, inadimplentes de impostos etc.
De um lado, o poder público
estadual diz que o investimento em radares reduz os acidentes fatais. De outro, os contribuintes acusam o Estado de
montar uma indústria de multas. No centro de tudo, a sociedade clama por maior segurança nas suas ruas e rodovias, fato
que se dá a partir da melhoria
de tudo o que define a movimentação de veículos, reações
de motoristas e pedestres. E,
nesta hora, muito além da fiscalização sobre os motoristas,
estão a formação dos condutores e a melhoria de sua cultura e
civilidade ao conduzir veículos.
A questão é: o radar melhora
a segurança? Ninguém provou
isso. As autoridades se apegam
ao apelo da redução de acidentes, que eles (governantes) atribuem ao equipamento de medição de velocidade. O cidadão
sente no bolso quando é flagrado por infrações de trânsito.
Mas, logo depois do radar, o
motorista acelera mais ainda, e
a mente do condutor está pronta para causar novos acidentes.
O radar, só ele, não é suficiente para a redução de acidentes. O investimento na educação de motoristas, sinalização, controle de manutenção
de veículos e formação de uma
cultura de cortesia e civilidade
no trânsito podem ser muito
mais eficientes para a melhoria
da qualidade da vida de todos os
brasileiros. Acontece que isso
exige competência das autoridades e capacidade de motivar
motoristas a serem civilizados,
mas o poder de polícia do Estado não pode ser ausente.
Se o radar chegou, gritemos
para que chegue mais investimentos em educação para o
trânsito, motivação para a segurança, cidadania e civilidade.
Que as vias estejam cada vez
mais seguras, e a presença do
poder público se aproxime do
carinho de um pai ou mãe, para
proteger a vida de motoristas,
passageiros e pedestres.
JOSÉ BERNARDES FELEX, engenheiro de
transportes, é professor titular aposentado da
USP São Carlos e consultor
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