São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2011

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Estado investe mais na PM e economiza com Polícia Civil

Verba dada à corporação militar superou 35% do previsto nos últimos seis anos

Já a civil recebeu 13% a menos, algo em torno de R$ 65 milhões; recurso seria suficiente para melhorar inteligência


ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO

O governo paulista concentrou seu investimento em segurança no últimos seis anos na Polícia Militar e economizou com a Polícia Civil.
Dados do sistema orçamentário fornecidos pela liderança do PT na Assembleia a pedido da Folha mostram que de 2005 a 2010 o Estado investiu R$ 296 milhões além do previsto na corporação militar: incremento de 35%.
Já a civil deixou de receber cerca de R$ 65 milhões em investimentos: 13% a menos.
O policial civil é responsável por elucidar crimes. A verba não gasta seria suficiente para implantar um sistema de identificação por digitais que existe em países desenvolvidos há 30 anos.
A PM patrulha as ruas. Em 2010, ganhou cinco helicópteros e, na semana passada, 50 caminhonetes Hilux SW4 2.7. O comandante da corporação, coronel Álvaro Camilo, tem um veículo de luxo Captiva, de R$ 92,9 mil.
O secretário de Segurança, Antonio Ferreira Pinto, no cargo desde 2009, é um ex-oficial da PM. Em sua gestão, os militares ganharam poder. Agora, PMs podem, por exemplo, registrar boletins de ocorrência e enviá-los a delegados -a atribuição era exclusiva da Polícia Civil.
Na gestão de Ferreira Pinto, cerca de 800 delegados, num total de 3.300, foram ou estão sendo investigados.
Especialistas dizem que aumentar o índice de esclarecimentos de crimes ajuda na sua redução. Hoje, São Paulo se diz incapaz de tornar públicas tais informações. Mas dados extraoficiais mostram que só 40% dos homicídios, por exemplo, são resolvidos.
O presidente do sindicato dos investigadores, João Batista Rebouças da Silva Neto, admite que o índice é vergonhoso. "Muita gente não vai nem à delegacia porque sabe que não vai resolver. A gente sente muito isso", diz.
Além de equipamentos mais modernos, o governo deixou de investir na estrutura física da Polícia Civil. Parte dos prédios onde estão as delegacias tem estado precário.
Segundo o próprio governo, quase metade dos 1.460 edifícios ocupados pela Polícia Civil é alugada. Departamentos funcionam em casas adaptadas e galpões.
A presidente da associação dos delegados, Marilda Aparecida Pansonato Pinheiro, afirma que a situação da Polícia Civil é ainda pior no interior do Estado.

Colaborou EVANDRO SPINELLI


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