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Hospitais de Ribeirão antecipam alta por conta da greve
ADRIANA MATIUZO
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO
Superlotados em razão da greve
dos servidores da saúde, os três
hospitais de Ribeirão Preto que
realizam internações de urgência
pelo SUS (Sistema Único de Saúde) estão antecipando a alta dos
pacientes internados.
Os dois primeiros -Santa Casa
e Beneficência Portuguesa- creditam o procedimento à necessidade de liberar leitos mais rapidamente para dar conta da demanda que ficou maior devido à greve.
Já a unidade de emergência
(UE) do Hospital das Clínicas foi
diretamente atingida pela greve:
cerca de 50% dos médicos e funcionários aderiram à paralisação.
Os hospitais informaram que
estão com seus leitos lotados e trabalham no limite de capacidade.
Para a direção dos filantrópicos
-Beneficência e Santa Casa-, o
aumento na demanda é um reflexo natural da greve no complexo
HC, unidades campus e centro,
que completa hoje 19 dias.
A Amach (Associação dos Médicos Assistentes do Hospital das
Clínicas) solicitou à Central Reguladora de Vagas, responsável pelo
direcionamento de todas as internações pelo SUS, uma redução no
número de encaminhamentos.
Segundo o diretor da associação, Ulysses Strogoff de Matos,
mesmo mantendo até mais do
que os 30% exigidos por lei de
funcionários e médicos no hospital, não há número de profissionais suficiente para prestar o
atendimento adequado. "Médicos da UE dizem que a unidade
vai explodir a qualquer hora."
Na Santa Casa, o médico Marcelo Riera, 29, disse que eles têm de
se preocupar com os que estão internados e com os que aguardam
um leito.
"Hoje [ontem] tive que dar alta
para um paciente que tinha hipertensão e que deveria ficar mais.
No lugar dele, entrou outro paciente com insuficiência renal,
que não podia esperar", justifica.
Segundo o diretor do hospital
José Carlos Mársico, 53, a ocupação dos leitos de internação no
hospital tem passado de 100% por
conta da greve.
"Nunca dizemos não, mas, se algo ocorrer de pior, a responsabilidade será nossa."
Segundo ele, nesta semana a
Santa Casa atendeu até 12 pacientes em macas por falta de leitos,
sendo que entre eles havia dois infartados. O hospital também registrou a morte de uma paciente,
que será apurada pela polícia.
A reportagem da Folha esteve
ontem na Santa Casa e constatou
que todos os leitos do hospital estão lotados. Na sala de atendimentos de urgência, pacientes
aguardavam em macas.
Um dos pacientes, com AVC
(Acidente Vascular Cerebral), teve que passar pelo menos três horas amarrado à maca para não
cair. Funcionários disseram que,
se chegasse algum paciente de urgência naquele momento, não haveria nenhuma maca livre para
ser usada no atendimento.
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