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Grávida desiste de aborto após 28 comprimidos
DA REPORTAGEM LOCAL
Agosto de 2004. Após uma festa, Júlia (nome fictício), 23, de Curitiba (PR), transa, sem nenhuma
proteção, com um publicitário
que embarcaria na manhã seguinte para Londres. Preocupada
com a possibilidade de gravidez,
ela toma a pílula do dia seguinte.
Quinze dias depois, com a ausência de menstruação, faz um
teste e se descobre grávida. Desempregada e já com um filho de
quatro anos, Júlia decide abortar.
O pai da criança, já em Londres,
envia dinheiro para que ela compre Cytotec e deixa claro que não
assumiria a gravidez.
Ela vai até uma farmácia em Tijucos (SC), adquire quatro comprimidos a R$ 150 e os introduz na
vagina. Após alguns dias, repete o
teste, que confirma a continuidade da gravidez.
Júlia pede dinheiro emprestado,
vai até a mesma farmácia e compra mais quatro comprimidos.
Nada ocorre novamente. Com a
ajuda do tio, que lhe empresta R$
2.000, ela vai até uma clínica em
Curitiba para fazer o aborto.
Mas, ao chegar ao local e ser
avaliada pelo médico, descobre
que, devido a sua idade gestacional (quase três meses), a interrupção da gravidez custaria R$ 3.800.
Como não dispunha da quantia,
decide passar em um camelô, no
centro da capital paranaense, e
compra dez comprimidos de
Cytotec, a R$ 500. "O camelô disse
que era do Paraguai", conta. Sem
qualquer orientação médica, decide ingerir cinco cápsulas e introduzir outras cinco na vagina. Novamente, nenhum efeito.
Desesperada, volta ao camelô e
compra mais dez comprimidos. E
nada. Decide, então, voltar para a
casa dos pais, em uma pequena
cidade próxima a Florianópolis.
"Comecei a freqüentar um centro
espírita e me arrependi das tentativas de aborto. Descobri que, para ter resistido a tudo aquilo, era
um ser muito especial."
O bebê nasceu no Dia das Mães,
de parto normal, sem nenhuma
seqüela. "Acho que os comprimidos eram de farinha. Perdi muito
dinheiro, ainda estou devendo ao
meu tio, mas graças a Deus que
não deu certo", diz a mãe, que
agora se diz mais "ajuizada".
"Antes só queria saber de festa.
Meu filho me deu rumo. Assim
que ele crescer um pouco, voltarei
a trabalhar e a estudar", diz Júlia.
O pai do bebê, desde que soube
que Júlia teria o filho, desapareceu. Ela enviou vários e-mails, inclusive uma foto da sua barriga,
mas o moço não se comoveu.(CC)
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