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Arcebispo faz críticas à pílula mais barata
D. Orani João Tempesta, arcebispo de Belém (PA), disse que há questões mais urgentes do que ofertar métodos contraceptivos
Para o religioso, o programa anunciado pelo governo federal atende a interesses de "empresas que querem vender os seus produtos"
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM APARECIDA
A Igreja Católica reagiu ontem ao projeto do governo de
aumentar a oferta de métodos
contraceptivos à população.
Porta-voz dos bispos que estão reunidos na 5ª Conferência
do Celam (Conselho Episcopal
Latino-Americano), em Aparecida (167 km de São Paulo), o
arcebispo de Belém (PA), d.
Orani João Tempesta, criticou
o programa.
Disse que a saúde brasileira
tem questões mais urgentes e
que a decisão atende a interesses de "empresas que querem
vender os seus produtos".
"O Brasil tem exigências
mais importantes e necessárias
na saúde do que gastar com isso
[aumento da oferta de métodos
contraceptivos]", disse d. Orani. Segundo ele, a igreja continuará a pregar a "paternidade
responsável", ou seja, a prática
do sexo apenas após o casamento e com fins reprodutivos.
Para o religioso, que ressalvou que não falava em nome do
Celam ou da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), os recursos que o governo
federal investirá no programa
deveriam ser usados para "ajudar os pobres e as santas casas"
do país, que passam por dificuldades financeiras. D. Orani é
responsável pela comissão de
comunicação da CNBB.
Temporão
O ministro da Saúde, José
Gomes Temporão, rebateu as
críticas de d. Orani. Disse que a
posição da igreja é "um equívoco" e que a opinião pública brasileira, inclusive os católicos, é
favorável à distribuição de anticoncepcionais como política de
planejamento familiar.
"Eu te digo, com toda a franqueza, do que conheço da opinião pública, que o apoio da
opinião pública brasileira a essas políticas [de planejamento
familiar] é maciço. Não vejo na
sociedade nenhuma posição
significativa de resistência. Até
porque as mulheres todas de
classe média usam, os casais
usam largamente, de qualquer
religião. Essa questão não me
preocupa", disse o ministro.
"Como toda visão na democracia brasileira, [a posição da
Igreja Católica] tem que ser ouvida. Mas eu acho um equívoco
total [a posição contra o uso de
contraceptivos]", declarou.
Colaborou LEANDRO BEGUOCI, da
Reportagem Local
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